Nesta quarta-feira (4), o Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria de Aviação Civil, FAB (Força Aérea Brasileira) e Infraero assinam um acordo com empresas aéreas para transportar órgãos sólidos e tecidos no País. A iniciativa conta com o apoio da Tam, Gol, Azul, Oceanair e Passaredo.
No acordo, as companhias aéreas se comprometem a priorizar o embarque dos órgãos e das equipes responsáveis por levar o material para a realização de transplantes ou aqueles que vão fazer a captação dos órgãos doados. Elas, inclusive, vão arcar com as taxas aeroportuárias de embarque e conexão. Em casos de voos lotados, caberá à empresa aérea conversar com os passageiros para que voluntariamente abram mão de seu voo e embarquem apenas no próximo.
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Segundo o Ministério da Saúde, a iniciativa deve aumentar a distribuição de órgãos e tecidos para transplantes no Brasil, principalmente na região Norte. Atualmente, em alguns estados do País, especialmente no Norte, quase 60% dos transplantes realizados necessitam de logística aérea.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que o acordo formaliza a relação do Sistema Nacional de Transplantes, órgão do Ministério da Saúde com as companhias aéreas, além de trazer regras claras e definidas das partes envolvidas. Ele destacou importantes características da formalização.
— A partir deste fim de semana uma equipe formada por oito enfermeiros passam a trabalhar 24 horas, por meio de rodízio, no CGNA (Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea). Essa equipe acompanhará o fluxo dos voos para tomada de decisões rápidas sobre a logística dos órgãos que serão transportados.
Ao falar da prioridade de embarque e desembarque dos órgãos nas aeronaves, o ministro Padilha deixou claro que os passageiros não serão obrigados a ceder seus assentos.
— Apenas contamos com o espírito solidário do povo brasileiro.
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A expectativa é aumentar em 10% o número de órgãos sólidos transportados — que exigem maior rapidez por conta do tempo de falência. Nos últimos doze anos, houve um aumento de 236% na utilização de voos para esta finalidade, passando de 67, em 2000, para 5.102 voos, em 2013.
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Outro ponto que tornará a logística mais eficiente é a presença física de um representante da Central Nacional de Transplante do Ministério da Saúde, durante 24 horas e todos os dias do ano, no Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea.
O Brasil é referência mundial na área de transplantes. Atualmente, 95% das cirurgias no País são realizadas no SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2012, foram transportados 3.514 órgãos e tecidos, o que corresponde a 14,6% dos 23.999 transplantes realizados no mesmo ano.