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Delegado da PF ironiza Salles: 'Eu avisei que não ia passar boiada'

Alexandre Saraiva, ex-chefe da PF no Amazonas, foi substituído após acusar o ex-ministro de patrocinar interesses de madeireiros

Brasil|Do R7

O delegado da PF Alexandre Saraiva: 'E eu continuo Delegado de Policia Federal'
O delegado da PF Alexandre Saraiva: 'E eu continuo Delegado de Policia Federal'

Após a queda de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente nesta quarta-feira (23), o delegado Alexandre Saraiva - ex-chefe da Polícia Federal no Amazonas que foi substituído após acusar o aliado do presidente Jair Bolsonaro de patrocinar diretamente interesses de madeireiros - publicou em seu perfil no Twitter: "Eu avisei que não ia passar boiada". Em outra postagem também realizada na tarde desta quarta (23), Saraiva escreveu: "E eu continuo Delegado de Policia Federal".

A publicação sobre continuar delegado da PF gerou ainda uma reação da deputada bolsonarista Carla Zambelli, que comentou: "Vamos ver quem ri por último. Onde Salles estará em 2 anos e onde você estará". Saraiva rebateu, questionando o que a parlamentar pensava sobre a defesa de madeireiros ilegais dentro do Ministério do Meio Ambiente - imputação feita a Salles - e ainda se colocou à disposição para comparecer a uma nova sessão na Câmara dos Deputados.

Em abril, o delegado compareceu à comissão realizada pela Câmara discutir a notícia-crime enviada ao Supremo Tribunal Federal contra Salles, sendo que na ocasião, reafirmou as críticas que disparou contra o então ministro do Meio Ambiente.

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Não é a primeira vez que Saraiva faz referência à fala de Salles sobre "passar a boiada". Na semana seguinte a sua substituição na chefia da PF - sendo que, na ocasião, o delegado afirmou que "não havia sido comunicado" sobre a troca no comando da unidade -, Saraiva fez a primeira publicação na rede social afirmando, em letras maiúsculas: "Não vai passar boiada nenhuma!!!".


Reunião ministerial

A indicação faz referência à fala do ministro do Meio Ambiente na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, tornada pública no âmbito no inquérito que apura suposta tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF. Na ocasião, Salles disse que era preciso aproveitar a "oportunidade" que o governo federal ganha com a pandemia do novo coronavírus para "ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas".


"Nós temos que tá com a artilharia da AGU preparada pra cada linha que a gente avança ter uma coi… mas tem uma lista enorme, em todos os ministérios que têm papel regulatório aqui, pra simplificar. Não precisamos de Congresso. Porque coisa que precisa de Congresso, também, nesse fuzuê que está aí, nós não vamos conseguir aprovar. Agora tem um monte de coisa que é só parecer, caneta, parecer, caneta. Sem parecer também não tem caneta, porque dar uma canetada sem parecer é cana. Então, isso aí vale muito a pena. A gente tem um espaço enorme pra fazer", disse Salles no encontro revelado no âmbito do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

Organização criminosa


Um ano após a fatídica reunião, Saraiva imputou a Salles supostos crimes de obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa.

A fala de Salles sobre o "passar a boiada" também foi citada pela Polícia Federal ao pedir a Alexandre de Moraes a abertura da Operação Akuanduba, que mira suposto esquema de facilitação ao contrabando de madeira, com participação de Salles. Com a saída de Salles do governo Bolsonaro, os inquéritos devem ser enviados à primeira instância.

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