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Esperança se desfez muito rápido, diz Santos Cruz sobre Bolsonaro

Ex-ministro do governo federal creditou piora na gestão por influência de pequenos grupos extremistas e totalitários

Brasil|Do R7

Ex-ministro ainda cobrou uma reação forte do Congresso a declarações de Jair Bolsonaro
Ex-ministro ainda cobrou uma reação forte do Congresso a declarações de Jair Bolsonaro

O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, afirmou neste domingo (11) em entrevista ao grupo Parlatório que a esperança sobre o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) para combater a corrupção, unir o país e garantir estabilidade econômica se desfez muito rápido, entre outra série de críticas à gestão da qual ele fez parte como ministro por pouco mais de seis meses.

"A gente viu essa esperança se desfazer muito rápido, não só pela conduta, mas pela inflação de pequenos grupos extremistas, com radicalismo, uma dedicação a uma cartilha totalitária de divisão social, manipulação da opinião pública, assassinato de reputação, expressão do mais baixo nível das redes sociais", disse o militar.

"Se assistiu tudo isso muito de imediato, e isso aí trouxe desencanto. Trouxe dificuldade do próprio governo, o próprio governo não conseguiu se desvencilhar, desses grupos mais radicais. Entramos num ambiente de desrespeito pessoal, funcional e institucional", completou. 

Santos Cruz foi entrevistado do grupo Parlatório, que, com a curadoria do ex-presidente Michel Temer, promove entrevistas com possíveis candidatos para as eleições presidenciais de 2022, com vistas a uma "terceira via" para o comando do país. Entre os entrevistadores desta edição esteve o ex-juiz Sergio Moro, um dos nomes cotados para candidaturas deste tipo. 


Durante a sua fala inicial, o general também deu outros recados ao presidente Bolsonaro, ao falar que as eleições periódicas são "um fundamento básico da democracia" – que estaria sendo atacado de forma inaceitável – e considerou ruim o protagonismo das Forças Armadas no momento político atual

"Tem que haver reação, tem que haver reação forte das pessoas e das instituições. Nós, infelizmente, temos algumas instituições muito fracas, na minha opinião o Congresso Nacional precisa ser mais forte nas suas reações", pontuou.


Na semana passada, o presidente chamou de "imbecil" o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, que é contrário ao voto impresso, e ameaçou que as eleições do ano que vem podem não ocorrer.

No mesmo período, o Ministério da Defesa e os comandantes da Força Armada assinaram nota conjunta contra fala do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), onde afirmaram que não aceitariam mais "ataques levianos"


Segurança Pública

Ex-secretário da Segurança Pública do governo Temer, Santos Cruz também afirmou que a solução do tema é urgente no Brasil e precisa de coordenação nacional. "Todos os assuntos graves precisam de união nacional. E isso está nos faltando, infelizmente. A expectativa era de união nacional, porque já existia essa tentativa de divisão, mas infelizmente nós fizemos o agravamento da divisão", relatou. 

A mesma liderança, argumentou o general, falta para combater o desmatamento da Amazônia. Cruz defendeu que o tema seja tratado de forma pragmática, e não ideológica, com a participação de outros países, já que a Amazônia é uma "questão mundial", nas palavras do ministro. 

Ele também foi perguntado sobre a segurança pública por Sergio Moro, que o elogiou e atribuiu sua saída à "incompatibilidade" da ponderação do general com o perfil do governo Bolsonaro. O ex-juiz questionou o militar sobre o papel das Forças Armadas em ações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), o que Cruz diz ser passível de utilização em "casos exepcionais". 

Próximas entrevistas

Fazem parte do grupo de discussões do grupo Parlatório representantes do empresariado como Jorge Gerdau, Abílio Diniz, Elie Horn e Rubens Menin, a ex-ministra do STF Ellen Gracie, advogados, generais, entre outros. Estão presentes também artistas, pensadores e dirigentes dos maiores hospitais do país.

Deverão ser chamados para entrevistas nas próximas semanas nomes como os governadores João Doria e Eduardo Leite, do PSDB, o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

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