Paulo Preto ainda exerce influência na Dersa, afirma Lava Jato
Homem forte de Serra responde pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público nas obras do Rodoanel) e formação de quadrilha
Brasil|Marcos Rosendo, da Agência Record
Paulo Preto, ex-diretor da Dersa, ainda exerce influência sobre a empresa estadual. De acordo com integrantes da Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo, em entrevista nesta quinta-feira (14) após a audiência judicial para depoimento de três das testemunhas de acusação, o ex-diretor da Dersa confirmou o envolvimento durante sua audiência.
"Isso ele próprio fez questão de dizer na primeira audiência de custódia. Que tinha contato com a Dersa até hoje e que ele recebeu, de secretárias lá de dentro da Dersa, a documentação relativa ao processo (a auditoria realizada pela companhia, uma das principais provas do processo). Ele próprio fez questão de demonstrar que exerce influência e um domínio sobre todos os fatos", afirmou a procuradora da República Anamara Osório Silva, integrante da Força Tarefa da Lava Jato em São Paulo.
No processo, Preto e mais quatro pessoas respondem pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público nas obras do Rodoanel) e formação de quadrilha.
Ainda de acordo com integrantes da Força Tarefa, o relacionamento com a Dersa foi um dos motivos para a segunda prisão de Preto. Porém, a ordem de prisão foi suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes.
A Força Tarefa também destacou que os depoimentos confirmaram a denúncia. As testemunhas confirmaram que indenizações foram pagas em dinheiro, dificultando, assim, a fiscalização pelo poder público.
"Eles tinham ordem da Justiça para retirar as pessoas (de áreas vizinhas a canteiros de obras do Rodoanel). Eles só não retiraram as pessoas, como pagaram e pagaram um valor muito maior que o que já tinha sido pago para outros invasores... foram pagos até R$ 10 mil em dinheiro", declarou a procuradora da República Ana Cristina Bandeira Lins.
Segundo a procuradora regional da República Janice Ascari, que integra a Força Tarefa, uma testemunha da empresa Diagonal, contratada pelo consórcio do Rodoanel para tratar do pagamento de indenizações a pessoas removidas pelas obras, avisou superiores sobre as irregularidades e foi repreendida: "ela recebeu ordem para realizar os pagamentos. Ordens diretas de Paulo Vieira de Souza para a empresa"