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Acionar órgãos como Brics e OMC contra tarifaço pode ser erro estratégico, dizem especialistas

Mercosul e G20 também surgem como alternativas, porém esforços continuam centralizados em uma resolução diplomática definitiva

Brasília|Luiza Marinho*, do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Brasil busca apoio em organismos internacionais como BRICS, G20 e OMC após tarifas de 50% impostas pelos EUA.
  • Presidente Lula aciona OMC e considera queixa contra EUA por interferência política através de tarifas.
  • Governo evita aplicar imediatamente a Lei da Reciprocidade devido a preocupações com guerra comercial.
  • Especialistas discutem a necessidade de diálogo e adaptação nas estratégias diplomáticas do Brasil.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Governo brasileiro já apresentou à OMC uma reclamação contra a retaliação comercial Ricardo Stuckert / PR - 10.07.2025

Sem um plano ainda definido, o Brasil tenta se movimentar no tabuleiro internacional. Brics, G20, OMC e até o Mercosul são vistos como possíveis estratégias para a construção de alianças e tentativas de achar uma solução após os Estados Unidos anunciarem a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros.

No entanto, os limites dessas plataformas, sobretudo diante do histórico recente dos norte-americanos de ignorar decisões multilaterais, impõem um desafio significativo à diplomacia brasileira.


Especialistas ouvidos pelo R7 veem risco em apelar a organismos internacionais. Segundo eles, o caminho precisa ser focado em promover uma ação de diálogo conjunta com o governo de Donald Trump.

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O presidente Lula determinou a abertura de uma queixa formal na OMC (Organização Mundial do Comércio) e acionou o Itamaraty para buscar apoio em organismos multilaterais.


A falta de diálogo direto e o fato de o Brasil ter sido deixado de fora de recentes acordos comerciais firmados pelos Estados Unidos com países como Japão, Indonésia e Filipinas — que aceitaram tarifas menores em troca de concessões — contribuíram para as novas estratégias do governo federal.

Apesar disso, o governo ainda evita adotar imediatamente a chamada Lei da Reciprocidade, que permitiria a imposição de tarifas equivalentes aos produtos norte-americanos.


A medida, regulamentada recentemente, enfrenta forte resistência de setores empresariais, preocupados com os efeitos colaterais de uma guerra comercial.

A queixa formal apresentada à OMC acusa os EUA de utilizar tarifas como ferramenta para interferência política em países estrangeiros.


Busca por alternativas

Na ausência de resposta às gestões comerciais e diplomáticas, e com a aproximação da data de entrada em vigor da tarifa, marcada para 1º de agosto, o Brasil avalia recorrer a organismos internacionais como meios de sustentar sua posição e ampliar o apoio internacional.

“A capacidade dos fóruns multilaterais de atuarem como escudos diplomáticos é limitada e depende do tipo de fórum”, explica Guilherme Frizzera, especialista em relações internacionais.

“O Brics e o G20 não oferecem instrumentos jurídicos ou coercitivos, mas podem ser utilizados como plataformas de pressão política e coordenação com outros países que compartilhem preocupações semelhantes”, afirma.

A resposta combativa do presidente Lula, que chegou a dar pessoalmente a ordem de acionar a OMC em telefonema ao chanceler Mauro Vieira, visa preservar a imagem do Brasil como ator global independente.

“O entorno de Lula começa a ver esse episódio como um trunfo inesperado, com o poder de projetar a popularidade do presidente a partir de um discurso de enfrentamento e autonomia, mas essa retórica pode ser fulminada rapidamente, com os efeitos econômicos da taxação atingindo diretamente o bolso e o emprego do cidadão comum.”

Diálogo

A crise também reabre o debate sobre a tradicional estratégia brasileira de manter uma posição de equilíbrio entre grandes potências.

Segundo o coordenador do curso de relações internacionais da Universidade Católica de Brasília, Gustavo Menon, o diálogo é a melhor iniciativa para um acordo.

O conselho dele é enfrentar o desafio, diante da melhor tradição diplomática brasileiro, e seguir com os diálogos universalistas.

“Dessa forma, não negociar de maneira construtiva tende a aprofundar impactos negativos sobre a economia e a reputação internacional do Brasil, como revelam os inúmeros precedentes de outros países que já enfrentaram a mesma encruzilhada diplomática”, aponta Menon.

Guilherme Frizzera acrescenta que a chave é manter canais abertos com todos os polos de poder, diversificar parcerias e ocupar fóruns internacionais com propostas concretas.

“A estratégia brasileira continua viável, mas exige maior capacidade de adaptação”, argumenta.

Assim, segundo ele, em um cenário mais polarizado, o espaço para posturas intermediárias se estreita.

“O risco de isolamento existe apenas se essa postura não vier acompanhada de clareza estratégica e presença diplomática consistente”, alerta Frizzera.

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