Advogados deixam defesa de Anderson Torres; ex-secretário foi preso após atos de 8 de janeiro
Agora, apenas Rodrigo Roca atua como advogado do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Ao menos 11 advogados deixaram a defesa de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal preso após os atos extremistas de 8 de janeiro. O ex-secretário é investigado por suposta omissão durante os ataques de 8 de janeiro, em Brasília.
Com a saída dos advogados, apenas Rodrigo Roca continua na defesa do ex-ministro da Justiça. O motivo da saída dos demais não foi informado, e a banca de advogados comunicou a medida ao Supremo Tribunal Federal (STF). Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará (DF), por tempo indeterminado.
Investigação
A prisão preventiva de Torres foi decretada em 10 de janeiro, mas o ex-secretário de Segurança do DF estava em viagem com a família, nos Estados Unidos. O mandado só foi cumprido após o retorno de Torres à capital federal.
Torres chegou ao Brasil sem o celular. O acesso ao aparelho continua sendo um dos objetivos dos investigadores. No último depoimento à Polícia Federal, em 2 de fevereiro, o ex-secretário afirmou que daria a senha da nuvem (tecnologia que permite a usuários armazenar, manter e acessar dados em servidores de alta disponibilidade via internet) para que a polícia tivesse acesso, mas alegou não saber onde estava o aparelho.
Na ocasião, durante as dez horas em que prestou informações aos investigadores, o ex-secretário afirmou que não estava no país no dia dos atos em razão de uma viagem já programada antes da organização dos protestos e disse que houve "falha grave" da Polícia Militar do Ditrito Federal ao tentar impedir a invasão.
Sobre a minuta de um golpe de Estado com o intuito de mudar o resultado das eleições, encontrada pela PF na casa dele, Torres alegou ser um documento "sem viabilidade jurídica [...] que, na verdade, já era para ter sido descartado".
Pedido de soltura
A defesa tenta a revogação da prisão de Torres, mas o pedido ainda está em análise. A expectativa para a transferência dele para a Papudinha, carceragem especial para agentes policiais, não se confirmou, e ele continua detido no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará (DF), por tempo indeterminado.
A defesa usou parte dos argumentos dados pelo ex-secretário durante a oitiva para sustentar um pedido de liberdade provisória. A petição alega que Torres não representa risco para a ordem pública. Além disso, os advogados ressaltaram que não há nada no inquérito que o ligue aos atentados na Esplanada dos Ministérios. Segundo a defesa, apesar de ter viajado, o ex-secretário teria tomado todas as providências para prevenir o ocorrido.
Futuro de Torres
Além do processo criminal, Torres pode assistir à carreira como delegado da PF chegar ao fim. Caso seja condenado, a avaliação de aliados do próprio ex-secretário de dentro da corporação é que Torres sofra um processo administrativo pela conduta diante dos atos extremistas. Nesse cenário, a sanção pode chegar à ordem de demissão. Justamente por ser membro da PF, essa possibilidade é tratada com discrição.