Ibaneis diz que Anderson Torres viajou para os EUA sem avisar
De acordo com o governador afastado, o ex-secretário de Segurança Pública não estava de férias
Brasília|Mara Mendes, da Record TV, em Brasília
O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse à Record TV, nesta quarta-feira (11), que o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres viajou para os Estados Unidos sem avisá-lo e sem estar de férias. Mais cedo, o interventor federal no DF, Ricardo Cappelli, também havia dito que Torres não estava oficialmente autorizado a se ausentar.
"As férias dele, publicadas no Diário Oficial, valiam a partir do dia 9. Então, no dia 8, o secretário de Segurança do Distrito Federal era formalmente o senhor Anderson Torres", afirmou Cappelli, atribuindo a responsabilidade das invasões às sedes dos Três Poderes, no último domingo (8), à então gestão local.
Segundo aliados, Torres teria embarcado com a família para os Estados Unidos na madrugada de sábado (7) para domingo (8). O governador só soube da viagem quando Torres desembarcou, na Flórida, após sucessivas tentativas de ligação. Como resposta, Ibaneis ouviu que a viagem foi feita poucos dias antes das férias devido ao baixo valor das passagens.
Pelas redes sociais, a organização de uma manifestação de extremistas no DF, com o envio de caravanas de outros estados, já era de conhecimento das autoridades da Segurança.
Além de ser exonerado do cargo, o ex-secretário teve a prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O plenário da Corte manteve a determinação.
A expectativa, segundo o delegado-geral da Polícia Federal, Rodrigo Teixeira, é que Torres retorne ao Brasil nos próximos dias e seja escoltado pela corporação. Como os voos que saem dos Estados Unidos foram cancelados nesta quarta-feira por falha no sistema de aviação local, a Polícia Federal já está ciente que o ex-secretário pode demorar mais do que o esperado para chegar ao Brasil.
Defesa do governador afastado
Ibaneis Rocha diz que acredita ter havido sabotagem de policiais militares durante os atos de vandalismo do último domingo. Por meio dos advogados que o representam, Alberto Toron e Cléber Lopes, o governador afastado alega ter recebido informações incorretas sobre as ações de segurança na Esplanada dos Ministérios no dia em que extremistas vandalizaram as sedes dos Três Poderes.
"O desenvolvimento das investigações tem, a cada dia, revelado e trazido fatos novos, que indicam uma espécie de sabotagem na ação de policiais militares. Indicam também que ele teve informações erradas e falseadas e que, portanto, não se pode dizer, de maneira nenhuma, que estivesse conluiado com o movimento que se deu no último domingo", informaram os advogados.
A decisão que afastou Ibaneis do Governo do DF por 90 dias foi confirmada pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal nesta quarta-feira. Ele foi suspenso da função pelo ministro Alexandre de Moraes na madrugada de segunda (9), horas após vândalos terem invadido e depredado o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o prédio do próprio STF.
Toron e Lopes destacaram que o governador afastado aceitou a decisão de Moraes. Os advogados, entretanto, dizem esperar que as investigações esclareçam o ocorrido e que ele volte ao posto. "O governador Ibaneis recebe com a maior humildade e respeito a decisão do STF. Esperamos, como advogados, que os fatos sejam plenamente esclarecidos, de modo que possa voltar ao exercício do cargo para o qual foi eleito", declararam.
Em uma rede social, Torres divulgou uma nota em que rebate as suspeitas de conivência com os extremistas. Ele também disse que foi surpreendido pela violência da manifestação e que as cenas vistas em Brasília eram "inimagináveis a todas as instâncias dos poderes da República brasileira".