Alckmin diz que parceria Brasil-Argentina é ‘de Estado’ e critica Milei em evento conservador

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, voltou a criticar a presença do presidente argentino, Javier Milei, em um evento de partidos políticos conservadores em Santa Catarina, na semana passada. Nesta terça (16), Alckmin declarou que a postura do líder argentino, crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não afeta as relações entre Brasil e Argentina.

“As parcerias são de Estado. [Sobre] o mau gosto do presidente do país vizinho quando esteve aqui, nós não temos nada a comentar”, criticou Alckmin, ao afirmar que os países são os dois maiores do Mercosul. “Tem uma complementariedade econômica que é importante”, completou.

Milei não foi à cúpula de chefes de Estado do Mercosul na semana passada, no Paraguai, para comparecer ao fórum conservador, que também contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o Itamaraty, foi a primeira vez que um chefe de Estado não compareceu ao evento do bloco econômico. Milei enviou a ministra de Relações Exteriores, Diana Mondino, como representante.

Nessa segunda (15), o embaixador do Brasil na Argentina, Julio Bitelli, viajou a Brasília para reuniões com Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Ele foi chamado à capital brasileira para “consultas”. “O deslocamento do embaixador à capital federal tem o propósito de repassar, de maneira aprofundada e pessoal, os principais temas do relacionamento entre Brasil e Argentina com interlocutores no governo brasileiro”, escreveu, em nota, o Ministério das Relações Exteriores. “O embaixador Júlio Bitelli deverá reassumir suas funções em Buenos Aires na próxima semana.”

Nesta terça (16), o vice-presidente também destacou que o Brasil tem interesse na relação com a Argentina na questão energética. “Vaca Muerta é uma energia importante que o Brasil tem interesse”, acrescentou. O primeiro trecho do gasoduto Presidente Néstor Kirchner, na região de Vaca Muerta, na Patagônia, foi inaugurado em julho do ano passado, com investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Na semana passada, Alckmin afirmou que as desavenças políticas entre Javier Milei e Lula não afetam as relações comerciais entre a Argentina e o Brasil. “Não afeta. São relações de Estado. O mau gosto de Milei é assunto dele. Nós temos que fortalecer as relações de Estado”, destacou.

No encontro do Mercosul, Lula alfinetou Milei, sem citar explicitamente o argentino, ao condenar “experiências ultraliberais” na América Latina. “Democracia e desenvolvimento andam lado a lado. Os bons economistas sabem que o livre mercado não é uma panaceia para a humanidade. No mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tão pouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, afirmou o brasileiro na ocasião.