Após tarifaço de Trump, Lula chama ministros às pressas para reunião no Planalto
Presidente dos EUA oficializou nesta quarta-feira taxa de 50% a produtos brasileiros; lista tem quase 700 exceções
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou às pressas ministros ao Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (30), após a oficialização do tarifaço de Donald Trump a produtos brasileiros.
A reportagem apurou que os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) devem participar da reunião, além do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O presidente dos EUA assinou mais cedo a ordem executiva que taxa em 50% os produtos brasileiros comprados pelos norte-americanos. A lista tem quase 700 exceções, incluídos itens como suco de laranja, aviões comerciais e combustíveis.
Lula comentou sobre o tarifaço de Trump rapidamente, nesta tarde, durante evento para sanção de lei que proíbe uso de animais em ensino, pesquisa e testes com cosméticos.
“A gente conseguiu sancionar uma lei que defende a soberania animal”, declarou, em meio a risos das autoridades presentes.“As criaturas de Deus que têm como habitat natural o planeta Terra não vão ser mais cobaias de experiências neste país”, completou.
“Estou saindo com pressa porque vou me reunir para defender outra soberania, a do povo brasileiro, em função das medidas anunciadas pelo presidente dos EUA. Então, hoje, para mim, é um dia sagrado da soberania, duas soberanias de coisas que eu gosto, animais e seres humanos”, acrescentou o presidente.
Entenda
A ordem executiva assinada por Trump impõe tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros comprados pelos EUA — o que eleva o total da taxa para 50%.
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O texto oficializa o chamado tarifaço, anunciado pelo republicano em 9 de julho. Ao justificar a medida, Trump cita os processos judiciais enfrentados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
O norte-americano destaca, ainda, uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
Suposta censura
A decisão ocorre também em resposta a políticas e condutas adotadas por autoridades brasileiras, consideradas por Trump como prejudiciais à economia norte-americana, à liberdade de expressão e às operações de empresas dos EUA no Brasil.
A Casa Branca acusa o governo brasileiro de implementar medidas que configuram uma suposta censura política, com perseguição a opositores e intimidação de plataformas digitais, afetando diretamente interesses estratégicos dos Estados Unidos.
Negociações
Após o anúncio de Trump, em 9 de julho, Lula determinou a criação de um comitê interministerial para discutir a tarifa.
O grupo de trabalho é chefiado por Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Desde a criação, o comitê tem discutido com empresários e setores mais afetados pela decisão de Trump.
Exceções à taxa
Trump deixou de fora da taxa de 50% 694 itens exportados pelo Brasil aos EUA. Entre os produtos que não receberão a tarifa, estão suco de laranja, aviões comerciais, combustíveis, petróleo e minério de ferro.
Commodities brasileiras com grande fluxo comercial para os Estados Unidos, como carne bovina, café e cacau, não foram incluídas nas exceções e serão taxadas em 50%.
Café e cacau
Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), os Estados Unidos são os maiores compradores de café do Brasil — tanto do item torrado quanto do não torrado.
Apenas em junho, os EUA adquiriram 15,9% do café não torrado vendido pelo Brasil, um total de US$ 148,2 milhões.
Também no mês passado, no caso do café torrado — modalidade que inclui extratos, essências e concentrados de café —, os Estados Unidos compraram 23,4% do que foi produzido pelo Brasil: US$ 21 milhões.
Os EUA também têm participação importante na compra do cacau brasileiro. Em junho deste ano, o país foi o maior comprador de cacau em pó, manteiga ou pasta de cacau, com 42,6% de participação (US$ 22,5 milhões).
Com relação ao chocolate e a outras preparações alimentícias oriundas do cacau, os Estados Unidos (12,2%) foram o segundo maior destino no mês passado, atrás apenas da Argentina (27,2%). O valor total das compras chegou a US$ 2,4 milhões.
Carnes
A participação dos EUA no mercado brasileiro de carnes é menos significativa do que o fluxo de café e cacau.
A maior parte dos tipos de carne vendidos pelo Brasil não é comprada pelos Estados Unidos, como frangos, suínos e pescados.
O país adquire, basicamente, três modalidades — despojos comestíveis de carnes, preparados ou preservados; carne bovina fresca, refrigerada ou congelada; e outras carnes comestíveis salgadas, em salmoras, secas ou defumadas.
A participação dos EUA é maior no primeiro tipo. Os norte-americanos são os principais compradores da modalidade, com 35% do mercado, cerca de US$ 46,4 milhões.
Nas outras modalidades, os EUA são os terceiros maiores destinos dos itens, com 5,7% (US$ 75,4 milhões) e 6,6% (US$ 1,5 milhão), respectivamente.
As informações também são de junho deste ano, conforme dados do MDIC.
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