Arroz importado deve chegar ao Brasil em até 40 dias, calcula ministro da Agricultura
Preço máximo será de R$ 20 para o pacote de 5kg; edital para compra deve ser publicado nesta quarta (29)
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (29) que o arroz que será importado pelo Brasil por conta da tragédia no Rio Grande do Sul deve estar disponível para a população em até 40 dias. A portaria interministerial que autorizou a aquisição do grão foi publicada nessa terça (28) e a expectativa é que o edital para a compra saia nesta quarta (29). O Rio Grande do Sul é responsável pela produção de 70% do arroz consumido no país.
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Segundo Fávaro, o alimento de fora terá preço máximo de R$ 20 para o consumidor — 5 kg do tipo 1 agulinha, o mais consumido pelos brasileiros. O governo federal liberou R$ 7,2 bilhões para aquisição do grão de outros países. A intenção é importar inicialmente 300 mil toneladas e a quantidade pode chegar a 1 milhão de toneladas, a depender da necessidade.
“[O prazo] depende muito de quem será o vendedor. Se for comprar da Ásia, demora um pouco mais para chegar, se [forem] os vendedores do Mercosul que tem arroz em estoque [pode levar menos tempo], mas acredito que a partir de 30, 40 dias já tá chegando nas gôndulas dos mercados”, declarou, durante o programa Bom Dia, Ministro, da EBC (Empresa Brasil de Comunicação).
O desastre no Rio Grande do Sul já deixou 169 mortos e 806 feridos, segundo o balanço mais recente da Defesa Civil local, divulgado às 9h desta quarta (29). Outras 44 pessoas estão desaparecidas e 581.638, desalojadas — das quais 47.651 estão em abrigos. As forças oficiais de resgate já salvaram 77.729 gaúchos e 12.527 animais. No total, cerca de 2,3 milhões de cidadãos foram afetados pela tragédia, em 471 municípios, 94,7% do estado.
Apesar de o Rio Grande do Sul ter estoque suficiente para abastecer o país, como explicou Fávaro, a tragédia no estado gerou especulação, o que elevou de 30% a 40% o preço do arroz em 30 dias. “Com tudo o que estamos fazendo para o Rio Grande do Sul, em hipótese alguma o governo queria afrontar o produtor de arroz, mas precisamos olhar o problema de forma holística. O RS tem estoque suficiente, independentemente da tragédia que aconteceu, mas concordamos com os próprios líderes do setor de lá que o problema é infraestrutura logística, até dificuldade para emitir nota fiscal. Não podemos deixar o mercado na vulnerabilidade”, destacou, ao afirmar que não haverá racionamento.
“Quais as consequências dessa tragédia para a pop brasileira, o RS concentra 70% do arroz produzido no Brasil. Por incrível que pareça, tem gente querendo criar movimento especulativo em cima da tragédia, e o governo precisa coibir isso. De forma alguma é afrontar os produtores, mas, nos últimos 30 dias, o arroz subiu 30, 40% o saco de 5kg. [...] Estamos combatendo essa especulação”, completou.
A intenção de importar arroz tem sido discutida pelo Executiva desde o início do mês. Uma medida provisória chegou a ser publicada, em 10 de maio, mas a especulação levou o governo a suspender o processo, na semana passada. O leilão agora será retomado. “Ficamos muito chateados, porque na primeira tentativa de compra, como o Mercosul é muito mais competitivo, com 4 dias que lançamos o leilão o volume de recursos disponível para comprar 100 toneladas daria para comprar só 70 mil. 30% mais caro. Aí o governo suspendeu aquele leilão, [...]. O Mercosul agora vai ter consciência de, se quiser especular, vamos comprar de outro lugar”, explicou Fávaro.
Sem risco de desabastecimento
O ministro também afirmou que o país não sofre risco de desabastecimento de alimentos. “Não temos risco de nenhum tipo de desabastecimento, nem mesmo do arroz. O estoque é suficiente. O problema é a conjuntura momentânea. O Brasil é um grande player, produtor de soja, milho, arroz, feijão, trigo, carnes, algodão — o primeiro do mundo. E nós estamos com uma safra, apesar das dificuldades, muito boa, que foi colhida. O Brasil continua, a passos largos, sendo esse grande player da alimentação do Brasil e do mundo. Não temos hipótese alguma de risco de desabastecimento e falta de produtos”, garantiu.