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“As redes sociais fizeram uma lavagem cerebral nas pessoas”, diz Moraes em Lisboa

Ministro do STF acusa Big Techs de ignorar leis, lucrar com ódio e permitir crimes, e defende regulação urgente

Brasília|Tainá Farfan e Clébio Cavagnolle, enviados especiais a Lisboa

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'Qual rede social nós queremos para a nossa democracia?', perguntou Alexandre de Moraes durante a participação no Fórum de Lisboa YouTube/IDP/Reprodução - 04.07.2025

Em discurso contundente durante o Fórum Jurídico de Lisboa, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes fez duras críticas às plataformas digitais e responsabilizou as redes sociais por incentivarem crimes, ataques à democracia e até tragédias envolvendo crianças.

Para o ministro, o modelo atual faliu: “As redes sociais realizaram uma lavagem cerebral nas pessoas para querer dizer que o que elas fazem é liberdade de expressão”.


A fala apontou que os gigantes da tecnologia abandonaram qualquer compromisso ético em nome do lucro e do poder.

“Elas deixaram de se instrumentalizar dolosamente para que fosse organizada a tentativa de golpe de Estado do dia 8 de janeiro”, acusou, referindo-se aos atos golpistas em Brasília. “Foram impulsionando, numa instrumentalização criminosa, passando o endereço, a convocação, onde se encontrar, o que fazer”.


Moraes questionou diretamente o papel das plataformas: “Qual rede social nós queremos para os nossos filhos? Qual rede social nós queremos para a nossa democracia?”.

Para ele, o modelo de autorregulação fracassou. “Elas desprezam a democracia, desprezam a igualdade de gênero, desprezam o combate ao racismo, desprezam também a vida de crianças e adolescentes”, criticou.


Incentivo a crimes de ódio

O ministro citou casos de adolescentes mortos após desafios de autolesão divulgados em redes sociais e chamou a atenção para o incentivo a crimes de ódio.

“É possível alguém ir em um programa de televisão, em qualquer lugar do mundo, esquartejar uma pessoa ao vivo, sem responsabilidade? Sufocar uma criança? Induzir uma criança a se automutilar? Não. Então, por que é possível nas redes sociais?”.


Na visão de Moraes, as plataformas atuam de forma deliberada para influenciar opiniões políticas e econômicas.

“As big techs não são neutras. Elas têm lado, têm religião, têm opção econômica, opção política”, afirmou.

Segundo ele, os algoritmos são usados para manipular bolhas ideológicas: “Quando você é crítico das redes sociais e consulta o seu nome, vem cem notícias ruins. Quando é a favor, só aparece elogio. Isso é direcionamento de algoritmo”.

Ao falar sobre a tentativa de regulação no Congresso Nacional, o ministro ironizou o suposto caráter libertário das redes.

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Falácia

“É uma falácia dizer que não é possível a regulamentação. Nenhuma atividade econômica que repercute em bilhões de pessoas deixou de ser regulamentada na história da humanidade. Por que essa seria a primeira?”.

Moraes concluiu com um alerta: “Nunca tanto poder econômico e político esteve tão concentrado na mão de pouquíssimas pessoas. Elas desrespeitam as jurisdições e a soberania dos países. Nós não podemos aceitar isso. Deve haver uma regulação”.

E reforçou: “Liberdade com responsabilidade. A internet não é uma terra sem lei”.

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