O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, informou nesta segunda-feira (17) que o Brasil iniciou a negociação com os Estados Unidos para debater a taxação de aço e alumínio brasileiros. Atualmente, os produtos têm alíquota de importação de 25%. A estimativa é que o Brasil perca o equivalente a US$ 1,5 bilhão nas exportações.“O Brasil não é um problema para os Estados Unidos, que têm superávit com o Brasil em bens quanto em serviços. Por outro lado, dos 10 produtos que mais são exportados ao Brasil, oito deles têm alíquota zero. Então nós tivemos uma conversa com um secretário do governo dos Estados Unidos e abrimos a negociação”, disse Alckmin. “Depois, o nosso chanceler, Mauro Vieira, também teve uma conversa com o embaixador e optamos por fazer através de uma entidade de parceria para a questão econômica. Teve uma primeira reunião na sexta-feira [dia 14] com órgãos técnicos e vão acontecer outras. O caminho é do diálogo, de ganha-ganha”, completou. O governo brasileiro decidiu não retaliar de imediato os Estados Unidos após a implementação de uma tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio do Brasil — tarifação que entrou em vigor último dia 13. O Brasil, que é o segundo maior fornecedor de aço para o mercado americano, teve vendas de quase R$ 19 bilhões no ano passado com os produtos.A taxação de 25% sobre importações de aço e alumínio pode gerar dificuldades para o setor siderúrgico brasileiro, já que o Brasil “não tem outro parceiro para vender” os metais — países da Europa enfrentam recessão, e a China, que tem uma grande produção de aço, exporta apenas minério de ferro do país. O Ministério da Fazenda recebeu sugestões do setor siderúrgico para proteger a indústria nacional e está avaliando possíveis ações. As negociações com o governo dos EUA estão sendo conduzidas por Alckmin e demais integrantes da gestão federal. As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre aço e alumínio importados devem ter pouco impacto no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, avalia o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Entretanto, a taxa de 25% sobre os metais pode impactar o setor no país, com queda de produção de 2,19%, contração de 11,27% das exportações e redução de 1,09% das importações. Os EUA são o principal mercado para o aço semifaturado brasileiro. Em 2023, foram exportados US$ 2,8 bilhões (R$ 16,29 bilhões, na cotação atual) em aço e US$ 900 milhões (R$ 5,24 bilhões, na cotação atual) em alumínio para o país. Atualmente, os EUA produzem cerca de 90 milhões de toneladas de aço por ano, e o consumo interno varia entre 90 a 200 milhões de toneladas. Já no setor de alumínio, a produção é de 3,5 milhões de toneladas anuais, o que torna o país dependente da importação.Não é a primeira vez que o republicano impõe taxas a produtos estrangeiros. No seu primeiro mandato, Trump determinou o aumento das tarifas dos metais após o secretário de Comércio dizer que as importações de aço e alumínio estavam prejudicando a segurança nacional dos EUA ao “enfraquecer” a economia interna.