Tarifa dos EUA sobre aço e alumínio do Brasil pode gerar perda de US$ 1,5 bilhão no setor
Apesar do impacto, Ipea avalia que as taxas devem ter pouco impacto do Produto Interno Bruto do Brasil
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre aço e alumínio importados devem ter pouco impacto no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, avalia o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Entretanto, a taxa de 25% sobre os metais pode impactar o setor no país, com queda de produção de 2,19%, contração de 11,27% das exportações e redução de 1,09% das importações. A estimativa é que o Brasil perca o equivalente a US$ 1,5 bilhão nas exportações.
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Na quarta-feira (12), o governo de Donald Trump deu início à taxação de 25% sobre o aço e o alumínio importados. A medida afeta países como México, Canadá e o Brasil, que atua como grande exportador de metal para os EUA.
Não é a primeira vez que o republicano impõe taxas a produtos estrangeiros. No seu primeiro mandato, Trump determinou o aumento das tarifas dos metais após o secretário de Comércio dizer que as importações de aço e alumínio estavam prejudicando a segurança nacional dos EUA ao “enfraquecer” a economia interna.
Segundo o instituto, apesar da repercussão, os impactos macroeconômicos serão baixos. A previsão é que o PIB caia 0,01%, além de uma queda de 0,03% nas exportações gerais, “com ganho de saldo na balança comercial de US$ 390 milhões, já que a redução da atividade econômica também levará à redução nas importações (0,26%)”.
Os EUA são o principal mercado para o aço semifaturado brasileiro. Em 2023, foram exportados US$ 2,8 bilhões (R$ 16,29 bilhões, na cotação atual) em aço e US$ 900 milhões (R$ 5,24 bilhões, na cotação atual) em alumínio para o país.
Para o Brasil, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais. Em 2024, por exemplo, os americanos exportaram e importaram o equivalente a US$ 40,3 bilhões e US$ 40,5 bilhões, respectivamente.
Impacto nos EUA
Assim como no Brasil, a tarifa deve ter um impacto pequeno no PIB dos Estados Unidos, com uma queda de 0,02%. Porém, traria efeitos mais significativos em áreas como investimento (-0,49%), exportações (-0,39%) e das importações (-0,66%).
Na contramão, haveria possível aumento de US$ 7,3 bilhões do saldo comercial – valor insignificante ante o déficit comercial de mais de US$ 1 trilhão no comércio de mercadorias.
“Em termos setoriais, as importações norte-americanas de metais ferrosos teriam queda expressiva, de 39,2%, enquanto a produção doméstica teria aumento de 8,95%. As exportações se reduziriam em 5,32%”, informou.
No cenário norte-americano, as medidas de Trump receberam elogios de alguns grupos da indústria local, apontou o Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA. Entretanto, outros setores se dizem preocupados com o impacto nas empresas do país e com a imposição de tarifas sobre aliados.
“Alguns observadores afirmam que as tarifas dos EUA e a potencial retaliação estrangeira podem causar inflação e aumentos de preços para consumidores e produtores dos EUA e afetar as exportações dos EUA”, informou o órgão.
De acordo com a Comissão de Comércio Internacional dos EUA, entre 2018 e 2021, quando as tarifas sobre os metais foram impostas, o aço sofreu um aumento de 2,4%, e o alumínio, de 3,6%, no país.