Por dia, ao menos 24 estrangeiros foram proibidos de entrar no Brasil em 2024, segundo a Polícia Federal. No ano passado, a corporação registrou 8.799 casos de inadmissão envolvendo turistas que não atenderam a requisitos migratórios, como falta de visto ou outras condições previstas na legislação. Além de ter barrado os imigrantes, a PF diz que no ano passado houve quatro deportações e 32 expulsões de cidadãos estrangeiros. As inadmissões são diferentes de deportações e acontecem quando o viajante não tem a entrada autorizada após o desembarque. A deportação ocorre quando um imigrante irregular é retirado do país. Normalmente, o Brasil não realiza deportações ou inadmissões em massa. Segundo a polícia, as ações ocorrem exclusivamente em voos comerciais, com um limite de até dois indivíduos devolvidos por viagem. No caso de deportações de brasileiros no exterior, por exemplo, o Consulado não pode alterar as decisões das autoridades imigratórias. O envio de cartas, e-mails ou telefonemas não influenciam nas decisões dos países. Na semana passada, um voo com 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos chegou ao Brasil com os passageiros algemados. O avião chegou ao país em Manaus, mas o destino final era Belo Horizonte. Ao saber da condição dos brasileiros, o governo federal enviou uma aeronave da Força Aérea Brasileira para resgatá-los e concluir a viagem.A princípio, segundo o Itamaraty, esse voo não teve relação com as recentes medidas anti-imigração anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O R7 apurou com o Itamaraty que essa não foi a primeira viagem do tipo deste ano — outro avião trouxe brasileiros deportados em 10 de janeiro, ainda no governo do ex-presidente Joe Biden. Brasil e EUA mantêm acordo de deportação desde 2017.Nessa segunda-feira (27), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse que deportações precisam ser feitas com respeito e dignidade. Segundo ele, os brasileiros passaram por “constrangimentos absolutamente inaceitáveis” ao serem trazidos com algemas. “Nós não queremos provocação, nós não queremos afrontar quem quer que seja, mas nós queremos que os brasileiros inocentes e que foram lá buscar trabalho, sejam tratados com a dignidade que merecem”, disse.Também nessa segunda, o Ministério das Relações Exteriores teve uma reunião com o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para discutir o caso. O diplomata prestou explicações sobre o tratamento dado aos deportados.Além de brasileiros, imigrantes colombianos foram deportados dos EUA recentemente. Entretanto, em um primeiro momento, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, rejeitou os voos militares e criticou o líder norte-americano.Em retaliação, Trump anunciou diversas sanções contra a Colômbia, entre elas o aumento de tarifas sobre bens e revogação de vistos para funcionários do país sul-americano. Em seu comentário, Trump disse ter sido informado que dois voos de repatriação “com grande número de criminosos ilegais” não foram autorizados a pousar na Colômbia. O presidente dos EUA afirmou que a ordem foi dada por Petro, que “já é muito impopular entre seu povo”. Na sequência, argumentou que a medida de rejeitar os voos colocaria a segurança pública norte-americana em risco e, por isso, as sanções contra a Colômbia eram necessárias.Com a crise, o governo colombiano acabou recuando, e os EUA suspenderam o aumento das tarifas. Por dia, o Brasil recebeu ao menos 185 solicitações de refúgio entre janeiro e outubro de 2024. Nesse período, foram 56.444 pedidos, segundo dados do ObMigra (Observatório das Migrações Internacionais), uma iniciativa da Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.Venezuela (23.129), Cuba (16.350), Angola (3.056), Índia (2.136) e Vietnã (1.914) foram os países com maior número de solicitantes.O índice representa, ainda, um aumento de 15% quando comparado ao mesmo período de 2023, em que o país registrou 48.946 solicitações. Em 2024, os estados de Roraima, São Paulo, Amapá e Paraná foram os que mais registraram pedidos de imigrantes.Entre 1985 e 2022, o Brasil reconheceu 65.811 pessoas como refugiadas, a maioria delas por causa de grave e generalizada violação de direitos humanos. Os dados, divulgados pela Acnur (Agência da ONU para Refugiados) e produzidos pelo Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), apontam, ainda, que o tempo médio para decisão foi de 2,5 anos.