Brasileira que vive em Israel diz ter sido acordada ao som de sirenes e bombas: 'Situação crítica'
Grupo extremista Hamas lançou milhares de mísseis em diversas cidades do país e fez incursão por terra; há centenas de mortos
Brasília|Deborah Hana Cardoso e Luís Augusto Evangelista, da Record TV
Residente há 30 anos em Raanana, cidade de Israel a cerca de 20 km da capital, Tel Aviv, a psicóloga brasileira Rita Cohen Wolf foi despertada por volta das 6h30 da manhã deste sábado (7) com o som de sirenes e o barulho de foguetes. Era o início dos ataques promovidos em diversas localidades do país pelo grupo extremista islâmico Hamas, que combinou o lançamento de 7.000 mísseis e a incursão de grupos armados por terra.
Em conversa com a Record TV, no fim da tarde em Israel, manhã deste sábado no Brasil, ela disse que permanece em casa, enquanto recebe atualizações sobre a situação no país. “Não sabemos todos os detalhes. Acabamos de ser informados que mais de cem israelenses morreram, há centenas de feridos. E também dezenas de reféns civis que foram sequestrados. A situação está muito feia.”
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Rita disse que o ataque do Hamas pegou a todos de surpresa, pela forma que foi feito. “Israel está vivendo um dos momentos mais críticos desde a Guerra do Yom Kippur, em 1973. Cinquenta anos depois, fomos surpreendidos mais uma vez num Shabat [dia de descanso], num sábado, num dia também de festividade dentro da tradição judaica.”
A Guerra do Yom Kippur foi um conflito armado entre Israel e países árabes, que teve início no dia do perdão para os judeus (Yom Kippur), em 6 de outubro de 1973. Em disputa estava o território na região de Suez, no Egito.
Rita não esconde a preocupação, mas tenta manter a calma. “Desta vez a coisa é extremamente séria. A gente tem fé em que, se Deus quiser, vai dar tudo certo em breve.”
Ataque sem pretexto
A Embaixada de Israel no Brasil divulgou um comunicado em que afirma que o ataque deste sábado foi feito “sem qualquer pretexto ou ação prévia por parte de Israel". O texto também diz que o “ataque ocorre após um longo período em que Israel tenta manter a calma na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo em que faz grandes esforços para melhorar a situação civil na região”.
Segundo o comunicado da embaixada, a ação demonstra que o Hamas “não está interessado na segurança e no bem-estar dos cidadãos da Faixa de Gaza” e os encara “como nada mais do que um brinquedo nos seus esforços para prejudicar e ferir os cidadãos de Israel”.
Ainda de acordo com a declaração, Israel fará tudo para proteger os seus cidadãos e “não tem medo de uma ampla campanha em Gaza”. O país também promete agir “conforme necessário até que os seus objetivos sejam alcançados”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou os bombardeios sofridos por Israel como "ataques terroristas" e ressaltou que diversos civis foram atingidos. "Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas", afirmou o chefe do Executivo. Mais cedo, o Itamaraty havia confirmado que o Brasil, que ocupa a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, vai convocar uma reunião emergencial.
O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota em que o Brasil condena os bombardeios e ataques realizados na Faixa de Gaza e manifesta solidariedade ao povo de Israel. “O Governo brasileiro exorta todas as partes a exercerem máxima contenção a fim de evitar a escalada da situação”, diz o texto.
O Itamaraty afirma ainda que “não há, até o momento, notícia de vítimas entre a comunidade brasileira em Israel e na Palestina” e que, na qualidade de presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil convocará reunião de emergência do órgão. “A mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, encerra a nota.