Caderno de prova do Enem vaza antes do horário de liberação
O R7 Educação recebeu o arquivo da prova amarela da segunda etapa do exame às 17h32; conteúdo só poderia ser liberado às 18h
Brasília|Vivian Masutti e Carlos Eduardo Bafutto, do R7
Um arquivo digital do caderno de provas da segunda etapa do Enem 2023 foi enviado ao R7Educação por dois cursos preparatórios às 17h32 deste domingo (12). O conteúdo só poderia ser divulgado a partir das 18h, horário mínimo para sair do teste com o exame impresso.
Os enunciados coincidem com os relatados por professores que foram embora do exame às 15h30, quando os portões foram abertos para a saída dos primeiros candidatos, sem o caderno em mãos.
A prova teve início às 13h30 e os candidatos tiveram de responder a 45 questões de matemática e a 45 de física, química e biologia. Para evitar fraudes, o Enem tem quatro cadernos, nas cores rosa, azul, branca e amarela, que apresentam as mesmas questões, mas em ordem diferente. O caderno enviado ao R7 foi o amarelo.
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A reportagem entrou em contato com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo processo seletivo, e aguarda posicionamento.
Na coletiva após a aplicação das provas, o ministro da Educação, Camilo Santana, comentou o vazamento. "Quero comentar dois fatos que ocorreram neste segundo dia. Primeiro foi a circulação de imagens da prova por volta das 17h, ou seja uma hora antes do horário autorizado para sair do ambiente da aplicação da prova. Nós imediatamente acionamos novamente a Polícia Federal. A Polícia Federal também já está em investigação, com várias diligências com relação a [vazamento de] fotos da prova do primeiro dia", disse Santana.
Segundo o ministro não há prejuízo aos candidatos porque não houve, de acordo com ele, vazamento antes do início da aplicação da prova. "A prova tinha sido iniciada às 13h30, todos os portões estavam fechados e três horas e meia depois houve essas circulações", afirmou.
Este não é o primeiro caso de vazamento de prova no Enem 2023. Na primeira etapa, no domingo (5), uma foto da página do exame com o tema da redação circulou nas redes sociais após o fechamento dos portões, às 13h30, e antes do horário em que os primeiros candidatos foram liberados.
O Inep informou na tarde deste domingo (12) que a Polícia Federal identificou oito pessoas que teriam divulgado a imagem.
A PF realizou oitivas em Caruaru (PE), Natal (RN), Cornélio Procópio (PR) e Brasília (DF). Também estão sendo realizadas diligências no Rio Grande do Sul e no Ceará.
De acordo com o Inep, foram apreendidos materiais que seriam usados para fraude em Maceió (AL) e em Vitória da Conquista (BA). "As empresas responsáveis pelo gerenciamento das mídias sociais foram oficializadas para preservar as imagens das provas e auxiliar com o rastreamento das postagens", disse o instituto.
Segundo dia tem biologia difícil e exatas mais pé no chão
Após ter causado polêmica no teste de ciências humanas, no fim de semana passado, o agronegócio apareceu novamente no exame, em enunciado sobre o impacto dos agrotóxicos.
"A prova de ciências da natureza teve mais cobrança de conteúdo e foi menos interpretativa. Para o aluno que estudou, foi de nível médio", diz Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli. "Já matemática teve questões a que o estudante poderia responder interpretando os enunciados com diversos gráficos e textos."
Os professores ressaltam também a presença de problemas interdisciplinares, além da cobrança de ondulatória, calorimetria e leis de Newton em física. O candidato teve que lidar ainda com juros, porcentagem, probabilidade e logaritmo na parte de exatas.
"Uma questão envolvendo criptomoeda deve ser cancelada, pois nenhuma resposta correspondia ao que era pedido", diz a professora de matemática Monique Covi.
Como é feita a correção
As provas objetivas são corrigidas por meio da tecnologia de reconhecimento do cartão-resposta. Serão aceitas somente aquelas efetivamente marcadas no cartão, sem emendas nem rasuras, com caneta esferográfica de tinta preta. Isso é importante para possibilitar a leitura óptica do cartão-resposta.
Para o cálculo da nota, o Inep adota a metodologia chamada Teoria da Resposta ao Item (TRI), que avalia o candidato com base no desempenho dos outros participantes. Dessa forma, duas pessoas com a mesma quantidade de acertos são analisadas de forma distinta.
Os arquivos digitalizados das redações são repassados às equipes responsáveis pela correção dos textos. Serão corrigidas somente aquelas transcritas para a folha de redação com caneta esferográfica preta.