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Câmara discute tratado sobre assédio; servidoras reclamam que denúncias não avançam

Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher debaterá o tema nesta quinta; R7 teve acesso a conversas sobre como formalizar queixa

Brasília|Camila Costa, do R7, em Brasília

Plenário analisará texto após passar pelas comissões
Plenário analisará texto após passar pelas comissões

A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados fará, nesta quinta-feira (15), um debate sobre o texto da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a Eliminação da Violência e do Assédio no Mundo do Trabalho (MSC 86/2023). O conteúdo, enviado pelo Executivo, define violência e assédio no mundo do trabalho e propõe medidas que devem ser tomadas para prevenir e coibir os casos. A discussão ocorre em meio a um clima de insegurança por parte de servidoras da Câmara devido à falta de acolhimento e de punição para as denúncias.

O R7 teve acesso a conversas entre servidoras da Câmara (veja nos prints abaixo) sobre como denunciar um caso de assédio. É possível ver nas imagens que uma das vítimas pede ajuda a outras colegas sobre a quem recorrer após ter sido vítima de assédio. "Preciso denunciar um parlamentar", diz ela. As colegas citam o Departamento de Polícia e de Pessoal, mas outras avisam que eles "nunca levam a sério".

Prints mostram conversas entre servidoras da Câmara sobre como denunciar casos de assédio
Prints mostram conversas entre servidoras da Câmara sobre como denunciar casos de assédio

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A conversa se desenrola, e outras mulheres reforçam a dinâmica de assédio dentro da Câmara dos Deputados.

Prints mostram conversa entre servidoras da Câmara sobre como denunciar casos de assédio
Prints mostram conversa entre servidoras da Câmara sobre como denunciar casos de assédio

O R7 procurou a assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.


Uma pesquisa global sobre assédio no trabalho, organizada pela OIT, em 2021, mostrou que cerca de 17,9% dos homens e mulheres empregados afirmaram ter sido vítimas de violência e assédio psicológico em sua vida profissional. Entre eles, 8,5% disseram ter enfrentado algum tipo de violência física. As mulheres estão representadas em maior percentual.

17,9% afirmam ter sido vítimas

Outro fator constatado pela pesquisa foi a baixa notificação dos casos pelas vítimas. Somente 50% haviam revelado para outra pessoa o ocorrido. Entre os motivos elencados para a falta de notificação%2C considerar 'perda de tempo' ou ter 'medo por sua reputação' são os mais frequentes. Esses dois motivos podem mostrar a falta de ações concretas na solução dos casos e a vergonha das vítimas em serem expostas e terem de lidar com a situação sem o devido apoio.

(Texto do Executivo (MSC 86/23))

Tratado internacional

A convenção é o primeiro tratado internacional a reconhecer o direito das pessoas a um mundo de trabalho livre de violência e assédio, incluindo violência e assédio com base no gênero, e prevê uma série de medidas a ser implementada; no entanto, só entra em vigor no Brasil após aprovação da Câmara e do Senado. O texto será analisado pelas comissões da Câmara e pelo plenário e segue depois para o Senado.


No Senado, 90% dos casos são arquivados

Nos últimos cinco anos, mais de 90% das denúncias de assédio sexual e moral recebidas pelo Serviço de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida no Trabalho e pela Ouvidora do Senado ficaram impunes.

Levantamento feito pelo R7 mostra que o Serviço de Informação ao Cidadão da Casa recebeu 42 denúncias, sendo 13 de assédio sexual. Apenas quatro delas viraram processo administrativo e somente uma resultou em punição — uma advertência. O R7 conversou com as vítimas.

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Um relatório do Tribunal de Contas da União, com base em informações de outro setor do Senado, o Serviço de Saúde Ocupacional e Qualidade de Vida no Trabalho, mostra a ocorrência de 111 casos, com oito punições, entre 2018 e 2020.

O Senado afirmou que existem práticas de combate ao assédio e o compromisso "com um ambiente de trabalho livre de quaisquer tipos de assédio".

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