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R7 Brasília

CCJ da Câmara analisa PEC das Drogas com parecer favorável à criminalização do usuário

Tendência é que haja pedido de vista, mas relator avalia que já há votos pela aprovação da proposta depois do intervalo

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

PEC das Drogas já passou por audiência na CCJ da Câmara. Proposta recebeu parecer favorável do relator Ricardo Salles
PEC das Drogas já passou por audiência na CCJ Mário Agra / Câmara dos Deputados

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados analisa nesta terça-feira (4) a PEC (proposta de emenda à Constituição) das Drogas. O relator da matéria, deputado Ricardo Salles (PL-SP), protocolou parecer pela admissibilidade do texto e defendeu a criminalização do porte e da posse de entorpecentes. Há uma tendência de que os integrantes do colegiado peçam mais tempo para estudar o parecer, mas Salles avalia que já há maioria pela aprovação depois do intervalo do pedido de vista.

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No relatório, Salles argumenta que a criminalização do porte e da posse de droga vem como forma de combater o tráfico. “São os usuários de drogas os principais responsáveis pela manutenção e crescimento do crime de tráfico de entorpecentes, bem como os demais crimes a ele relacionados. Há, portanto, grande responsabilidade dos usuários sobre os elevados índices de criminalidade”, justificou o parlamentar.

A expectativa é que o pedido de vista venha por parte da base governista, com a justificativa de mais tempo para analisar o relatório. Qualquer deputado pode entrar com esse pedido, o que deve adiar a análise da PEC por pelo menos duas sessões do plenário da Câmara, como prevê o regimento. Caso o texto seja aprovado pela CCJ, ainda precisará passar por votação no plenário da Casa.

O que diz a PEC

A PEC adiciona ao artigo 5º da Constituição um trecho afirmando que “a lei considerará crime a posse e o porte, independentemente da quantidade, de entorpecentes e drogas afins sem autorização”.


De autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a proposta é vista como uma resposta ao julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Pacheco sustenta que o julgamento do tema pelo Judiciário é uma “invasão de competência do Congresso Nacional”. “Continuamos na linha de que a proposta de emenda à Constituição coloca na Constituição uma diretriz de que, independente de quantidade, porte e posse têm consequência jurídica. É isso que nós queremos, enquanto Parlamento, e é isso que imagino também que a sociedade queira”, declarou Pacheco no início das discussões do tema no Congresso.

O texto já foi aprovado no Senado em 16 de abril. Foram 53 votos a favor e nove contrários em primeiro turno e 52 a favor e nove contra em segundo turno. Apenas o PT orientou a bancada a votar contra.


STF discute sobre gramas de maconha

O porte de drogas para consumo próprio também está sendo analisado pelo STF. No entanto, um pedido de vista em 6 de março fez com que o julgamento fosse suspenso. Até agora, cinco votos consideram inconstitucional criminalizar o porte de maconha para uso pessoal.

Os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Rosa Weber (aposentada) e Luís Roberto Barroso concordam que ter até 60 gramas de maconha ou seis plantas fêmeas é considerado consumo pessoal. O ministro Edson Fachin também considera inconstitucional, mas não especifica uma quantidade, pois avalia que é responsabilidade do Legislativo determinar os limites.

Os outros três votos apoiam a regra da Lei de Drogas. Os ministros Cristiano Zanin e Nunes Marques estabelecem 25 gramas ou seis plantas fêmeas como quantidade para caracterizar o uso. André Mendonça define a quantidade como 10 gramas. Faltam os votos de Dias Toffoli, Luiz Fux e Cármen Lúcia. A reportagem apurou que a tendência é que o julgamento só seja retomado no segundo semestre de 2024.

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