Em vídeo do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o delator falou da relação entre militares no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, achava os generais da ativa “frouxos”. Nesta sexta-feira (20), Moraes tirou o sigilo dos vídeos dos depoimentos prestados por Cid ao longo do acordo de delação premiada.“[...] O general Braga Netto estava rachado com os generais da ativa. [...] Até por algumas críticas que ele [Braga Netto] andava fazendo. Porque ele achava que os generais estavam frouxos, melancias. Então, o general Braga Netto estava completamente desalinhados dos generais do governo”, diz Cid.O termo “melancia” é uma forma pejorativa de se referir a militares, dizendo que eles são verdes por fora e vermelhos por dentro.Veja trecho do depoimento:Para Moraes, o tenente-coronel confirmou que militares como Paulo Sérgio (ex-ministro da Defesa), Freire Gomes (ex-comandante do Exército) e Luiz Eduardo Ramos (ex-ministro de Bolsonaro) não sabiam, por exemplo, do plano Punhal Verde-Amarelo, que, supostamente, tinha o objetivo de eliminar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o próprio Alexandre de Moraes.“O general Ramos foi completamente alijado do processo. Ele teve alguns problemas com o presidente, né? Tanto que ele até achou que ele ia ser ministro da Defesa. [...] O presidente foi devagarzinho escanteando ele. Tanto que, no final do ano, ele nem apareceu, né?”, apontou Cid.No mesmo trecho do depoimento, porém, Mauro Cid diz que os generais tinham seus papéis. O general Paulo Sérgio, por exemplo, estava incumbido de encontrar algum indício de fraude nas urnas.“Ele era muito pressionado pelo presidente [Bolsonaro], né? Porque o presidente queria que ele desse uma uma resposta dura, né? Que os documentos dele fossem duros, né?”, conta Cid.Porém, Paulo Sérgio confiou na equipe técnica dele, e tinha medo que alguém fosse preso por mentir sobre uma fraude que, em princípio, não existia. “Só que o presidente queria que ele fosse assertivo, que ele dissesse que teve fraude”, completou o militar.