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Com alta transmissão, Saúde deixa vencer contrato de oxigênio no DF

Sem empresa, pacientes liberados para tratamento domiciliar continuam nos hospitais e lotam enfermarias

Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília


Oxigênio
Oxigênio

Enquanto o Brasil enfrentava a segunda onda da pandemia de Covid-19, em novembro do ano passado, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal deixava vencer um dos contratos para fornecimento de oxigênio para pacientes atendidos pela rede pública de saúde. O contrato que venceu tinha sido firmado com a empresa White Martins, e era destinado ao fornecimento de oxigênio a pacientes em atendimento domiciliar - o que poderia contribuir para desafogar os hospitais.

Mesmo agora, com o avanço da variante Ômicron, o serviço para novos pacientes continua suspenso e quem já foi autorizado pela equipe médica a continuar o tratamento em casa, mediante uso de oxigênio, precisa ficar nos hospitais, para receber o suporte necessário. O problema ocorre em meio ao aumento de internações nos hospitais, principalmente nas alas pediátricas. No HMIB (Hospital Materno Infantil de Brasília), crianças estão sendo entubadas no pronto socorro, devido a falta de leitos.

De acordo com a Secretaria de Saúde, o HMIB conta com 12 leitos de UTI, e todos estão ocupados. A emergência conta com 20 leitos, e atualmente atende 25 pacientes, sendo que 5 leitos extras precisaram ser montados. No Hospital Regional de Sobradinho, de acordo com informações obtidas pelo R7, pelo menos uma criança foi entubada no pronto socorro. De acordo com a Secretaria, o procedimento “é realizado dentro do box de emergência dado a urgência na prestação de assistência aos pacientes que necessitam de entubação”.

O contrato para o fornecimento de oxigênio domiciliar, ato que permite aliviar a lotação nos hospitais, foi firmado em abril do ano passado, de maneira emergencial, com validade de 180 dias (6 meses), vencendo em outubro do mesmo ano. De acordo com o contrato, que teve valor de R$ 3,6 milhões, com dispensa de licitação, a empresa prestou os “serviços de fornecimento de concentrador de oxigênio domiciliar de baixo e alto fluxo e concentrador de oxigênio portátil, fornecimento de gás medicinal e descartáveis para oxigenoterapia, com comodato de cilindros de oxigênio e locação de concentradores para atender às demandas da Secretaria de Saúde do DF”.


A ausência do cilindro e do gás já afeta os pacientes. Esse é o caso do bebê Pedro Lemos, de 5 meses de vida. Ele nasceu prematuro, com apenas 6 meses e desenvolveu uma série de problemas de saúde, entre eles, baixa imunidade e neoplasia pulmonar. A criança recebeu alta médica para ir para casa na semana passada, no entanto, a mudança só poderia ser realizada com o uso de oxigênio para se deslocar até em casa e ficar em tratamento domiciliar.

Sem recursos para custear o aluguel do equipamento, os pais do bebê contaram com ajuda de amigos e parentes para alugar o oxigênio. O pai do menino, Isaac Lemos, estudante, de 25 anos, conta que a preocupação foi com o risco de que o filho fosse infectado pela Covid-19, influenza, ou outros agentes biológicos que podem agravar a situação do quadro de saúde do menino. A equipe médica produziu um relatório em caráter de urgência solicitando a disponibilização do material, mas ao entrar em contato com o Núcleo de Atendimento Domiciliar (NRAD), do Hospital Regional de Planaltina, onde a família mora, Isaac recebe a informação de que o fornecimento de oxigênio está interrompido em razão da ausência de contrato em vigor.


"Falaram que estão sem contrato com empresas que fornecem oxigênio domiciliar e que não tem nem licitação para fazer contrato com outra empresa. Meu filho tem imunodeficiência e displasia pulmonar, e por isso ele precisa de oxigênio. A imunodeficiência faz com que ele corra mais riscos no hospital, como pegar uma infecção e até uma gripe que pode se agravar", afirma Isaac.

Pedro Lemos, de apenas cinco meses, internado no HMIB, precisa do oxigênio para ir para casa.
Pedro Lemos, de apenas cinco meses, internado no HMIB, precisa do oxigênio para ir para casa.

O cilindro deve ser reabastecido mensalmente, gerando custos para os pacientes. Neste mês, a família gastou cerca de R$ 1.000 com o aluguel. "Os médicos disseram que é melhor ele ficar em casa. Lá (No HMIB), como qualquer outro hospital, está tendo surtos de covid e gripe. Se ele pegar alguma dessas infecções, o quadro pode se agravar. Ele só está dependendo do oxigênio”, completa Isaac.


A pasta da Saúde informou que estão em andamento processos “regular e emergencial para o fornecimento do serviço de oxigenoterapia”, que os pacientes que já estavam em atendimento não tiveram o serviço interrompido e que assim que a contratação for feita, Pedro e os demais que estão na fila de espera serão atendidos também. Pacientes que permanecem nos hospitais, mesmo podendo ter alta médica, lotam enfermarias, centros de internação e correm risco de se infectar com outras doenças. Além disso, ocupam espaços que poderiam receber pacientes com Covid-19 em fase menos grave.

Transmissão

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O Distrito Federal já registrou mais de 11 mil mortos por covid-19 e 511 mil infectados, desde o começo da pandemia, em 2020. As medidas sanitárias que foram adotadas no ano passado, como restrição ao funcionamento do comércio, adoção de home office no serviço público e uso obrigatório de máscaras foram suspensas com a regressão de casos, internações e óbitos. No entanto, o governo do DF está abrindo novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e teme o avanço da variante Ômicron.

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Em razão da velocidade de transmissão da nova variante, a capital do país viu a ocupação dos leitos subir rapidamente. Mais de 80% dos leitos destinados para pacientes infectados por coronavírus estão ocupados. A taxa de transmissão no Distrito Federal está em 2,46%, o que significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para mais 209 pessoas.

Veja a íntegra da resposta da Secretaria de Saúde:

A Direção do Hospital de Sobradinho (HRS) informa que o procedimento é realizado dentro do box de emergência dado a urgência na prestação de assistência aos pacientes que necessitam de entubação. A Direção informa, ainda, que o procedimento é padrão e que toda a assistência necessária é prestada pela equipe de saúde enquanto os pacientes aguardam um leito de UTI. Nesse momento, não há nenhuma criança entubada no box de emergência do HRS.

A direção do Hmib esclarece que a unidade conta com a sala vermelha na emergência, que é um ambiente preparado para esse tipo de procedimento, com material, equipe e equipamento adequados. Quando uma criança chega ao hospital em estado grave, necessitando ser entubada, ela é acolhida, atendida e entubada na sala vermelha. Após isso, ela aguarda a regulação para ser transferida a um leito de UTI.

O Hmib conta com 12 leitos de UTI e todos estão ocupados. Na emergência, são 20 leitos disponíveis, e, no momento, possui 25 pacientes internados. No local, foram disponibilizados cinco leitos extras para atender à demanda atual. A faixa etária de crianças internadas na unidade varia de zero a 13 anos, 11 meses e 29 dias.

A Secretaria de Saúde informa que estão em andamento processos regular e emergencial para o fornecimento do serviço de oxigenoterapia aos pacientes da rede pública do DF.

A pasta esclarece que pacientes que já estavam inseridos no Programa de Oxigenoterapia Domiciliar (POD), continuam sendo atendidos sem interrupção. Pacientes novos estão aguardando em fila de espera e assim que os trâmites da licitação forem concluídos todos serão atendidos.

O paciente P.D.L. foi inserido ontem (18) na lista de espera e não havia solicitação de inserção anterior. Após a assinatura do contrato regular ou emergencial, o paciente em questão passa a ser assistido pelo contrato também.

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