Comissão da Câmara quer ouvir AGU sobre defesa de 'Wal do Açaí'
Walderice Santos é acusada de improbidade administrativa pela suspeita de ter sido funcionária-fantasma de Bolsonaro
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou um convite ao advogado-geral da União, Bruno Bianco, para que ele explique os motivos de a Advocacia-Geral da União (AGU) ter assumido a defesa de Walderice Santos da Conceição, conhecida como Wal do Açaí. Ela é acusada de ter sido funcionária-fantasma do presidente Jair Bolsonaro na época em que foi secretária parlamentar do então deputado federal.
Por se tratar de um convite, a presença de Bianco ao colegiado é facultativa. Inicialmente, o requerimento de audiência com o advogado-geral da União pedia a convocação dele. Dessa forma, Bianco seria obrigado a comparecer à comissão. No entanto, o pedido foi transformado em convite.
Na semana passada, a AGU passou a representar Wal do Açaí na ação contra ela e o presidente que tramita na 6ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal. No momento, ela não exerce nenhuma função na administração pública federal, mas a AGU assumiu sua defesa alegando que os atos atribuídos à ex-funcionária do presidente teriam sido praticados enquanto ela ocupava um cargo público.
Leia também
Bolsonaro e Wal do Açaí são acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de terem cometido improbidade administrativa que importou em enriquecimento ilícito e causou prejuízo ao erário. Segundo o órgão ministerial, a análise das contas bancárias de Walderice revelou uma movimentação atípica, já que 83,77% da remuneração recebida no período que trabalhou para Bolsonaro foi sacada em espécie. Em determinados períodos, o percentual de saques superou 95% dos rendimentos.
Ainda de acordo com o MPF, Walderice nunca esteve em Brasília e não exerceu nenhuma função relacionada ao cargo que ocupava no gabinete do então deputado. O órgão acusa Bolsonaro de ter conhecimento de que Wal do Açaí não prestava os serviços correspondentes ao cargo e, mesmo assim, atestar falsamente a frequência dela ao trabalho em seu gabinete, para comprovar a jornada laboral exigida pela Câmara dos Deputados.