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Comprometimento com as mudanças climáticas no Brasil é crucial, apontam especialistas

Padrões extremos se tornarão mais frequentes nas próximas décadas, destacando a urgência de um comprometimento efetivo

Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília


Entidades propõem medidas para facilitar comércio Ricardo Stuckert/PR - Arquivo

A escassez de água em algumas partes do mundo e o excesso dela em outras áreas do planeta, devido às mudanças climáticas, é um fenômeno que vai se tornar mais frequente nas próximas décadas. O alerta sobre esses padrões extremos de ausência e presença de chuva, causando secas ou inundações, foi dado por especialistas consultados pelo R7, que destacam a urgência de um comprometimento efetivo com o clima.

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O secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, ressalta a importância de conscientizar tanto a população quanto os políticos sobre os desafios climáticos. Ele enfatiza que, atualmente, as mudanças climáticas não recebem a devida atenção na agenda social.

“Atualmente, as mudanças climáticas no Brasil ainda não estão totalmente integradas à agenda social. Investir em prevenção e fortalecimento é fundamental, para evitar desastres ambientais no futuro.

(Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima)

O aumento da temperatura global, secas mais intensas, incêndios severos e a elevação do nível do mar são algumas das consequências das mudanças climáticas, aponta o especialista. No entanto, esses temas também têm sido alvo de desinformação, especialmente, nas redes sociais. O ano passado foi marcado como o mais quente em ao menos 174 anos, conforme dados da Organização Meteorológica Mundial, agência da ONU.

O diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães, ressalta a importância de enfrentar as mudanças climáticas com seriedade. Ele destaca a necessidade de uma abordagem mais proativa e eficaz, especialmente diante de eventos climáticos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul.


Guimarães salienta a importância de priorizar investimentos para mitigar os impactos desses desastres, reconhecendo que isso requer recursos que poderiam ser destinados a outras áreas, mas que são necessários onde a crise está ocorrendo.

“Quando desastres como o do Rio Grande do Sul acontecem, precisamos realocar recursos, o que acaba impactando outros investimentos. É dinheiro que poderia ser destinado a outras áreas, mas é óbvio que precisa ser direcionado para onde ocorreu o desastre.”

(André Guimarães, diretor executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia))

Desastres recorrentes

De 2013 a 2022, diversos desastres naturais, incluindo tempestades, inundações, enxurradas e alagamentos, atingiram 5.199 municípios brasileiros, o que representa uma abrangência de 93% do total de 5.570 municípios do país. Diante dessas ocorrências, os prefeitos tiveram que realizar registros de emergência ou decretar estado de calamidade pública. Mais de 4,2 milhões de pessoas foram afetadas e obrigadas a deixar suas residências.


Os dados são da CNM (Confederação Nacional de Municípios), indicando que mais de 2,2 milhões de moradias foram danificadas, afetando 4.334 municípios (78% do total), com 107.413 delas sendo totalmente destruídas.

O ano de 2022 se destacou como o mais severo, registrando 371.172 moradias danificadas ou destruídas. Anteriormente, em 2015, os números também foram preocupantes, com 325.445 moradias impactadas. No aspecto financeiro, os anos de 2020 a 2022 acumularam 70% do total de perdas, totalizando cerca de R$ 18,3 bilhões.


Confira as residências afetadas por região:

• Sul: 46,79% (prejuízo de R$ 4 bilhões)

• Sudeste: 20,98% (prejuízo de R$ 4,3 bilhões)

• Norte: 16,33% (prejuízo de R$ 1,7 bilhão)

• Nordeste: 14,88% (prejuízo de R$ 16 bilhões)

• Centro-Oeste: 1% (prejuízo de R$ 122,3 mil)

Diante desse cenário, especialistas defendem a necessidade de adaptação das cidades a uma nova realidade climática, incluindo, em alguns casos, a realocação das mesmas. Para o diretor executivo do Ipam, a persistência das infraestruturas urbanas em áreas de risco resultará em desastres naturais cada vez mais frequentes.

“É urgente convencer a população da gravidade das mudanças climáticas, que não são eventos distantes, mas, sim, uma realidade iminente. A sociedade precisa ser preparada para enfrentar os desafios atuais e futuros, buscando soluções que garantam a segurança e o bem-estar de todos os cidadãos”, explicou.

Os registros de desastres e danos são enviados pelos municípios desde 2012 por meio do S2ID (Sistema Integrado de Informações sobre Desastres), possibilitando a solicitação de recursos do governo federal para prevenção, resposta, recuperação e reconstrução. Essa plataforma permite o registro em tempo real dos desastres e a requisição de reconhecimento da situação de emergência e de estado de calamidade pública.

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