COP30: por que o dinheiro da Alemanha no Fundo das Florestas era tão importante?
Novo aporte eleva recursos para US$ 6,5 bilhões na reta final da COP30; outros países ainda não têm previsão para recursos
Brasília|Lis Cappi, do R7, enviada especial a Belém
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A confirmação do aporte de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões) da Alemanha ao TFFF (Fundo das Florestas Tropicais Para Sempre) se tornou a grande notícia de quarta-feira (19) na COP30 em Belém. Além de elevar o total de recursos anunciados para US$ 6,5 bilhões, o gesto teve impacto político e simbólico.
Nos bastidores, o anúncio da Alemanha era visto com ceticismo entre representantes brasileiros, que previam uma confirmação apenas depois da COP30.
Porém, o cenário mudou após farpas trocadas entre os países e a reunião do ministro do Meio Ambiente alemão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Alemanha, potência econômica europeia e grande financiadora de políticas ambientais globais, aparece como uma espécie de “selo de credibilidade”.
Com o aporte anunciado, a proposta ganha outra dimensão e se aproxima da meta de US$ 10 bilhões até o fim de 2026, patamar exigido para o fundo entrar em atividade.
Relevância da Alemanha
Os bastidores da COP30 mostram três razões principais para a relevância da Alemanha:
- Respaldo político: uma potência econômica investindo no TFFF aumenta a confiança internacional e incentiva outros países a aderirem.
- Efeito dominó nas negociações: países que aguardavam a reação alemã tendem a se movimentar agora, inclusive na Europa.
- Disputa narrativa após ruído diplomático: depois da a declaração do chanceler Friedrich Merz criticando Belém, o anúncio de US$ 1 bilhão tornou-se uma forma de restabelecer o diálogo entre os dois países.
Merz havia falado que os alemães ficaram contentes ao deixarem a cidade, o que provocou reação entre políticos brasileiros. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Merz deveria ter conhecido melhor Belém e que a capital Berlim não tem 10% dos atrativos da cidade paraense.
Horas antes do anúncio, o ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, participou de reunião com Lula. Segundo apurou o R7, no encontro, o alemão ficou extremamente desconfortável pela situação envolvendo o país. Ao sair da reunião, ele teceu elogios a Belém, exaltando a natureza e experiências na capital paraense — movimento interpretado como sinal de pacificação.
Como avança o Fundo das Florestas
O TFFF traz um modelo distinto do habitual: os aportes não são doações, e sim investimentos com expectativa de retorno anual.
Governos investidores e países detentores de florestas tropicais recebem lucros proporcionais ao capital aplicado. A administração ficará sob responsabilidade do Banco Mundial.
O Brasil defende que o fundo sirva como incentivo econômico para preservar florestas e desestimular atividades ilegais de desmatamento.
Com o anúncio, o governo brasileiro espera avançar com negociações com países europeus e africanos. A Dinamarca já apoiou outras iniciativas, mas disse que ainda avaliará o programa brasileiro.
“A Dinamarca apoia o TFFF. É uma boa ideia, mas ainda não há perspectiva da confirmação de valores”, indicou uma negociadora à reportagem. O país diz, ainda, que segue com investimento a outras propostas, como o Fundo Amazônia.
Outras tratativas virão na reunião do G20, na África do Sul, onde o presidente Lula pretende intensificar a busca por novos aportes.
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