CPI do DF sobre o 8 de Janeiro desiste de ouvir Anderson Torres
Câmara Legislativa diz que vai reavaliar necessidade de depoimento do ex-ministro e ex-secretário 'em data futura'
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura os atos extremistas de 8 de janeiro em Brasília desistiu de interrogar Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
No início do mês, o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), tinha pedido autorização a Alexandre de Moraes para colher o depoimento de Torres, e o ministro do STF chegou a permitir que o ex-secretário, caso comparecesse à sessão que iria interrogá-lo, ficasse em silêncio.
A defesa de Torres, no entanto, disse que ele não participaria da CPI. Segundo o advogado do ex-secretário, como ele já deu a versão dele sobre os episódios de vandalismo em depoimento à Polícia Federal, não haveria nada de novo a comentar sobre o caso.
Diante dessa manifestação, a CPI abriu mão de interrogar Torres por enquanto. "Tendo em vista a manifestação da defesa técnica, a CPI, por ora, desiste do pedido de liberação de Anderson Gustavo Torres para depoimento", afirmou a CLDF.
De todo modo, a Câmara Legislativa disse ao STF que a CPI continuará avaliando se o depoimento de Torres será necessário. "Em havendo modificação fática, a Casa reserva-se à prerrogativa de reiterar tal requerimento em data futura. O posicionamento da CPI é de deixar aberta a via do diálogo com a defesa para o caso de o senhor Torres optar por dar seu depoimento à Comissão em momento oportuno."
Anderson Torres está preso desde 14 de janeiro. Ele é investigado por suspeita de omissão nos episódios de vandalismo em Brasília.
Visitação a presos
No ofício enviado ao Supremo, a CLDF pede que nove deputados distritais possam visitar os presos por envolvimento nos atos de 8 de janeiro. Os parlamentares são Jaqueline Silva (sem partido), Hermeto (MDB), Robério Negreiros (PSD), Joaquim Roriz Neto (PL), Paula Belmonte (Cidadania), Fábio Felix (Psol), Jane Klebia (Agir), Iolando (MDB) e Roosevelt Vilela (PL).
Segundo a Câmara Legislativa, "o propósito da medida está em saber as condições em que se encontram as pessoas recolhidas, já que estão diretamente ligadas à investigação em curso pelo Parlamento".
"O contato direto dos senhores deputados e das senhoras deputadas integrantes da Comissão com as pessoas hoje reclusas pela prática, em tese, dos atos antidemocráticos guarda relação direta com o objeto da CPI e tende a otimizar os trabalhos da comissão", destacou a CLDF.
Por fim, a Câmara Legislativa pede autorização para coletar os depoimentos, em 27 de abril, de Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa, que estão presos preventivamente em razão de episódios anteriores a 8 de janeiro. Os dois são suspeitos de tentar explodir uma bomba em um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília.