Omar Aziz e Renan Calheiros protagonizaram mal-estar em torno de divulgação de relatório
Pedro França/Agência Senado - 19.10.2021Depois de dias de tensão no grupo majoritário da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, os senadores organizam uma reunião para acalmar de vez os ânimos em relação ao relatório de Renan Calheiros (MDB-AL). Os integrantes do chamado G7 se encontrarão na noite desta terça-feira (19) para bater o martelo sobre pontos de divergência no parecer a ser lido por Calheiros nesta quarta-feira (20).
O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), havia demonstrado irritação após partes de uma versão do relatório serem divulgados na imprensa. Após a reunião desta segunda, Aziz insinuou que o relator permitiu o vazamento do texto, mesmo sem consenso no grupo majoritário, para que se algo for retirado, Calheiros possa dizer que não foi o responsável pela mudança. "Espero que ele não perca tempo e se esforce pra retirar, porque ninguém é besta aqui e a gente não coloca a carroça na frente dos bois à toa", afirmou, referindo-se ao vazamento do relatório.
Os senadores seguiram durante quase todo o funcionamento da comissão com poucos desentendimentos públicos. O mais marcante até então foi durante a reunião dedicada a ouvir o deputado estadual do Amazonas Fausto Vieira dos Santos Junior (MDB). Na ocasião, em junho, Eduardo Braga e Omar Aziz acabaram batendo boca. Após o ocorrido, o G7 se manteve unido. Com o vazamento de informações acerca do relatório final, a maioria dos integrantes se irritou com Renan. No entendimento desses senadores, o alagoano descumpriu o acordo de que o texto seria entregue primeiro ao grupo.
Renan, por sua vez, se defendeu dizendo que seu relatório seguirá a maioria e que a versão divulgada era antiga e já tinha passado por modificações. Com as acusações, houve irritação também por parte de Renan. O senador cogitou não entregar o relatório antes da leitura na quarta, mas foi dissuadido após a fervura baixar.
No fim da tarde de segunda, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) se empenharam para tentar apaziguar os ânimos. Ambos estiveram no gabinete de Renan no fim da tarde de segunda e saíram da sala com a última versão do relatório. O alagoano e sua equipe também distribuíram o arquivo com mais de 1.100 páginas para os demais integrantes do G7 – que, além dos três, inclui o próprio Omar Aziz, Otto Alencar (PSD-BA), Humberto Costa (PT-PE) e Eduardo Braga (MDB-AM).
Para que os senadores se entendam de vez, um jantar na casa de Jereissati está agendado para esta noite. O objetivo é alinhar os pontos mais divergentes no relatório, como a imputação do crime de genocídio de indígenas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugerida na última versão do relatório e a inclusão do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) no rol de pedidos de indiciamento.
Randolfe também pleiteia a inclusão do ministro da Economia, Paulo Guedes, na lista de 70 pessoas e duas empresas às quais Renan sugere que sejam responsabilizadas na Justiça. Ainda não há, entretanto, consenso sobre a inclusão. Durante o jantar nesta terça, a expectativa é que Renan ouça sugestões e defenda os pontos mais delicados.