Cúpula do G20 termina nesta terça com debate sobre transições energéticas
Documento com posicionamento dos países a partir de pautas defendidas por Lula foi apresentado na segunda
Brasília|Iasmim Albuquerque* e Beatriz Oliveira*, do R7, em Brasília
O último dia da Cúpula do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo mais a União Europeia e a União Africana, ocorre nesta terça-feira (19), no Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Os 37 chefes de Estado e de governo convidados para o evento vão debater sobre desenvolvimento sustentável e transições energéticas antes do encerramento do encontro.
Leia mais
A reunião desta terça-feira começa às 10h. Em seguida, ocorre a cerimônia de encerramento da Cúpula, que será finalizada com o Brasil transferindo a presidência do G20 para a África do Sul.
Após o evento, haverá um almoço oficial, seguido de uma série de reuniões bilaterais entre os chefes de Estado e de Governo.
Lula terá reuniões reservadas com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba; e com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Além disso, o brasileiro vai oferecer um almoço ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Declaração final foi aprovada
No início da noite dessa segunda (18), os membros do G20 divulgaram a declaração final da Cúpula, formada por 85 tópicos.
O texto estabeleceu um consenso dos países para os três eixos definidos pela presidência brasileira. As prioridades incluem a reforma da governança global, dimensões do desenvolvimento sustentável e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
Além disso, o comunicado fala em múltiplos desafios para a economia mundial e alerta para o aumento de riscos de piora da atividade diante da elevada incerteza no mundo.
A declaração final foi formada por pautas elaboradas ao longo do ano e discutidas durante os dois dias de cúpula. Todos os líderes assinaram o texto. Existia uma dúvida se a Argentina concordaria com o documento. No entanto, o presidente Javier Milei declarou apoio ao comunicado, apesar de fazer ressalvas.
“Nós, os líderes do G20, nos reunimos no Rio de Janeiro de 18 a 19 de novembro de 2024 para responder aos principais desafios e crises globais e promover um crescimento forte, sustentável, equilibrado e inclusivo. Nós nos reunimos no berço da Agenda de Desenvolvimento Sustentável para reafirmar o nosso compromisso de construir um mundo justo e um planeta sustentável, sem deixar ninguém para trás”, destacou o texto.
O texto final ressalta o compromisso dos países com o combate à fome e à pobreza, reitera metas do Acordo de Paris, se compromete a reformar o Conselho de Segurança da ONU, pede o fim das guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, além de falar sobre a necessidade de taxação de bilionários.
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza
Na cerimônia de abertura do evento nessa segunda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa que visa acelerar os esforços globais para erradicar a fome e a pobreza até 2030.
Entre os objetivos da medida, estão a inclusão de 500 milhões de pessoas em programas de transferência de renda e sistemas de proteção social até 2030 e a expansão das merendas escolares de alta qualidade para mais de 150 milhões de crianças em países com fome e pobreza infantil endêmica.
A pauta do combate à fome enfrentou resistência da Argentina em um primeiro momento, e o nome da nação não estava entre os participantes na primeira adesão formal à Aliança Global. Entretanto, Javier Milei assinou o documento de última hora para colaborar com as metas propostas.
Além do G20, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas e não governamentais anunciaram a adesão à Aliança.
No texto final da Cúpula, o G20 saudou a abordagem inovadora da iniciativa “para mobilizar financiamento e compartilhamento de conhecimento” para reduzir a fome. Além disso, ressaltou que os países juntos têm o poder de acabar com a miséria.
“O mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicar a fome. Coletivamente, não nos faltam conhecimentos nem recursos para combater a pobreza e derrotar a fome. O que precisamos é de vontade política para criar as condições para expandir o acesso a alimentos", afirma a declaração assinada por todos os líderes do G20.
O que é o G20?
A Cúpula foi criada para reestabelecer o equilíbrio e fortalecer a economia mundial após crises econômicas que aconteceram na década de 1990. O G20 representa cerca de 85% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.
O grupo tem a participação dos líderes da África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. Além da União Europeia e União Africana. No evento no Rio, também estão presentes líderes de outros países não membros convidados pelo Brasil.
A presidência é rotativa e ficará sob o comando do Brasil até 30 de novembro. Durante a cerimônia de encerramento haverá transmissão para a África do Sul, próximo país a assumir o grupo.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles