Defesa de Bolsonaro pede para participar de acareações sobre tentativa de golpe
Braga Netto, que está preso no RJ, deverá comparecer pessoalmente à Corte, em Brasília, com equipamento de monitoramento

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para participar nesta terça-feira (24) das acareações entre o general Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, e entre o ex-ministro Anderson Torres e o general Marco Antônio Freire Gomes.
Agora, caberá ao relator, ministro Alexandre de Moraes, decidir sobre o pedido apresentado. As acareações serão feitas no âmbito da ação sobre uma tentativa de golpe após as eleições de 2022, na qual Bolsonaro é réu. O advogado do ex-presidente alega que durante o ato “as partes também poderão fazer perguntas aos acareados sobre os pontos discordantes”.
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A acareação de Mauro Cid e Braga Netto será por volta das 10h. Já a de Freire Gomes e Torres ocorrerá às 11h no STF. Braga Netto, que está preso no Rio de Janeiro, deverá comparecer pessoalmente à Corte, em Brasília, com equipamento de monitoramento eletrônico, e retornar à unidade prisional logo depois.
Uma acareação é um ato processual no qual duas ou mais pessoas são colocadas frente a frente para confrontar as versões que deram em depoimentos anteriores, quando há contradições relevantes entre elas.
A sessão será fechada, diferente da fase de interrogatórios, quando houve transmissão das falas.
Confrontos de versões
Mauro Cid, que é delator na ação do golpe, alegou que Braga Netto foi responsável por entregar a ele uma quantia em dinheiro dentro de uma embalagem de vinho. Segundo a Polícia Federal, esse valor seria para financiar as ações do Punhal Verde Amarelo, plano elaborado pelo esquadrão de elite do Exército, os chamados “kids pretos”, para assassinar autoridades.
De acordo com Mauro Cid, ele teria entrado em contato com Braga Netto após o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira pedir para ele R$ 100 mil para custear a ida de manifestantes a Brasília. Braga Netto então teria dito para Cid falar com o PL (Partido Liberal).
“Na minha cabeça, o intuito era para trazer pessoas para manifestações em frente aos quartéis. Falei com o tesoureiro do PL e ele disse que o partido não poderia bancar aquilo”, disse Cid. Foi então que ele voltou a falar com Braga Netto, que teria entregado o dinheiro a ele. Cid, no entanto, afirma que não sabia qual a quantia dentro da embalagem.
Braga Netto, contudo, nega ter qualquer conhecimento sobre o Punhal Verde Amarelo e ter entregado algum valor a Cid. “Eu não tinha esse dinheiro, eu não tinha contato com o empresário, os empresários. Os empresários estavam mais interessados no presidente Bolsonaro do que em mim”, afirmou. Sobre a operação Punhal Verde Amarelo e Copa 2022, Braga Netto disse que só ouviu “o nome dessas duas operações quando a mídia publicou. Eu nunca tinha ouvido falar nessas duas operações”.
O general está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e tentar obter detalhes dos depoimentos de delação de Cid.
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