Depois de ficar em silêncio, Michelle diz que STF não é o 'órgão correto' para cuidar do caso das joias
Ex-primeira-dama e Bolsonaro não responderam a questionamentos da PF nesta quinta-feira; outros seis depuseram
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
Depois de ficar em silêncio durante depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (31), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou, por meio das redes sociais, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem jurisdição para conduzir o caso da venda ilegal de joias dadas à Presidência. "Não se trata de ficar em silêncio. O STF não se mostra o órgão jurisdicional correto para cuidar da presente investigação", escreveu.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assim como a esposa, também não respondeu às perguntas dos investigadores. A defesa do casal alega que o STF não é o foro competente para a apuração desses crimes, e a ação das joias deveria ser analisada por um tribunal de primeira instância. Segundo os advogados, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já reconheceu que o STF não é o órgão adequado para o inquérito.
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O advogado Fabio Wajngarten e os ex-assessores de Bolsonaro coronel Marcelo Câmara e tenente Osmar Crivelatti também ficaram em silêncio.
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Além de Bolsonaro, Michelle, Câmara e Wajngarten, a polícia ouviu, nesta quinta (31), o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid; Mauro Cesar Lourena Cid, general do Exército e pai de Mauro Cid; Frederick Wassef, advogado (por videoconferência, de São Paulo); e Osmar Crivelatti, tenente do Exército e ex-assessor de Bolsonaro.
Diferentemente de Bolsonaro e Michelle, Wassef, Mauro Cid e Mauro Lourena Cid responderam aos questionamentos da PF.
Em agosto, a Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente. O pai de Mauro Cid foi um dos alvos da operação.
Eles são suspeitos de vender joias e presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente. De acordo com a PF, eles teriam utilizado "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues em missões oficiais por autoridades estrangeiras a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior".
A PF afirma ainda que as quantias obtidas com essas operações "ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores". A Polícia Federal não informou o valor que os suspeitos teriam obtido com a venda dos presentes.