Dino descarta intervenção no RJ, mas prevê Forças Armadas na Baía de Guanabara e no Galeão
O ministro da Justiça e Segurança Pública disse que o objetivo é fragilizar o crime organizado do Rio de Janeiro; entenda as medidas
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, descartou uma intervenção federal no Rio de Janeiro para combater a crise na segurança pública do estado. Ele, no entanto, defendeu uma atuação cooperada com as Forças Armadas, especialmente a Marinha e a Aeronáutica. "Até aqui, é consensual que não deve ocorrer uma atuação urbana das Forças Armadas em bairros e avenidas. Essas esferas pertencem às polícias estaduais, e há uma certa esfera de atuação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária."
Segundo o ministro, a Marinha deve ampliar a atuação na baía de Guanabara, em Sepetiba (RJ) e nos acessos ao porto de Santos (SP). Até a quarta-feira (1º), a estratégia de ações será apresentada ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que definirá “a roupagem jurídica" a ser adotada.
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"O que estamos propondo é a congruência de dois eixos: um para a desidratação financeira dos canais logísticos que alimentam o crime organizado; e outro, o trabalho de inteligência financeira e recuperação de ativos", declarou.
Dino afirmou que o plano foi elaborado para atender à demanda específica do Rio de Janeiro, mas a atuação também terá abrangência em outros estados, como nas fronteiras do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, "conhecidos canais de acesso utilizados para os crimes nos grandes centros urbanos".
“A atuação do Exército nessas faixas de fronteira será de 150 km da linha de fronteira para dentro do território do estado. Traremos ampliação do efetivo da Marinha e da Polícia Federal e também atuação da Aeronáutica em aeroportos importantes, como o de Guarulhos e o do Galeão, importantíssimos para o crime organizado", afirmou.
Operação conjunta
Flávio Dino também adiantou que no próximo fim de semana a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Força Nacional farão uma operação coordenada no Rio de Janeiro. A ação prevê a mudança da data do jogo de futebol do Vasco contra o Botafogo, que estava marcada para acontecer no domingo (5) e foi adiada para segunda-feira (6). O ministro informou que haverá reforço nos pontos de maior concentração de pessoas, como as escolas que receberão os estudantes para a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Dino aproveitou para anunciar a criação de um Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra) — uma parceria do Ministério da Justiça e Segurança Pública com o Rio de Janeiro. A cooperação técnica vai atuar em várias frentes, como distribuição ilegal de gás, milícias, transporte clandestino, lavagem de dinheiro e outros problemas enfrentados no estado.
"No dia 8 de novembro [quarta-feira], devo ir ao RJ para assinar o acordo de cooperação que vai normatizar a atuação do grupo. O Comitê terá uma sede física e um planejamento conjunto", disse.
Os anúncios do ministro foram feitos nesta terça-feira (31) durante a entrevista coletiva em que apresentou o balanço da Operação Virtude, voltada ao combate da violência contra idosos. Segundo ele, entre 2 e 31 de outubro, a Operação apurou 5.300 denúncias, atendeu 11,5 mil vítimas, registrou 6.600 boletins de ocorrência, prendeu 182 criminosos e apreendeu 18 menores infratores.