Doria ironiza recuo de Bolsonaro sobre STF: 'O leão virou um rato'
Dois dias depois de ameaçar ministros do STF, presidente divulgou nota afirmando que nunca teve intenção de agredir Poderes
Brasília|Gabriel Croquer, do R7
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ironizou a nota divulgada nesta quinta-feira (9) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), onde o mandatário recuou de discursos no feriado de 7 de setembro com ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e novas ameaças às eleições com a urna eletrônica. "O leão virou um rato. Grande dia!", escreveu Doria em suas redes sociais.
Dois dias depois de ameaçar os ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Luís Barroso, Bolsonaro desceu o tom e voltou atrás em nota escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer. "Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar", informou o presidente.
No texto, Bolsonaro também suaviza o discurso em relação ao seu maior alvo nos discursos de 7 de setembro: o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de "canalha". Por intermédio de Temer, os dois conversaram antes da divulgação do comunicado.
Ele chega a citar as qualidades do ministro como jurista e professor e justifica que suas palavras "decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum." Bolsonaro também voltou atrás sobre a declaração de que não cumpriria ordens judiciais decretadas por Moraes.
"Existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal."
Nos pronunciamentos que fez no feriado, Bolsonaro também voltou a apontar, sem provas, a falta de segurança das urnas eletrônicas e disse que não poderia participar de "uma farsa patrocinada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral", em referência a Barroso.
"Não é uma pessoa do TSE que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável. (..) Nós queremos umas eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública desses votos", discursou.
As falas vieram mesmo depois da Câmara dos Deputados rejeitar a proposta que instituía o voto impresso nas eleições, uma das bandeiras do presidente apresentada como a alternativa ao sistema que é usado atualmente.
Já no documento escrito com Temer, Bolsonaro reiterou seu respeito pelas instituições, "forças motoras que ajudam a governar o país".