Em depoimento, Anderson Torres chama minuta do golpe de 'lixo, loucura e folclore'
O R7 verificou que o depoimento ao TSE durou cerca de uma hora e meia; ex-ministro afirmou que desconhece origem do documento
Brasília|Gabriela Coelho, Do R7, em Brasília
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres classificou a minuta de golpe encontrada em sua casa de "lixo, loucura e folclore". O ex-ministro prestou depoimento nesta quinta-feira (16) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em ação que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro. O R7 verificou que o depoimento, feito por videoconferência, durou cerca de uma hora e meia.
Torres respondeu a todas as perguntas e disse que desconhece a origem da minuta e quem teria feito o documento. Ele afirmou ainda que "não era comum", no governo Bolsonaro, receber documentos parecidos com a tal minuta.
O pedido para o ex-ministro ser ouvido foi feito pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves. O objetivo é esclarecer a minuta de um decreto de golpe de Estado e a participação dele em uma live feita por Bolsonaro com ataques às urnas eletrônicas.
No depoimento, Torres afirmou que não levou ao conhecimento do Bolsonaro a existência da minuta, mesmo depois das eleições, porque o ex-presidente teria ficado mais "na dele". O ex-ministro relatou ainda que, quando começou a ler o documento, viu que era "loucura, documento folclórico".
O depoimento foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e também presidente do TSE.
Minuta do golpe
O documento de minuta foi encontrado em janeiro deste ano pela Polícia Federal na casa de Anderson Torres. A minuta (um rascunho) supostamente tinha como objetivo decretar Estado de defesa no TSE e tentaria mudar o resultado da eleição de 2022.
Torres está preso desde 14 de janeiro por suspeita de omissão durante os atos que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Depoimento à CPI dos atos extremistas
A defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, informou na quarta-feira (15) ao STF que ele não quer prestar depoimento na CPI da Câmara Legislativa do DF que apura os atos extremistas de 8 de janeiro.
O interrogatório dele foi agendado para 23 de março. Contudo, segundo os advogados, como Torres já deu a sua versão dos episódios de vandalismo em depoimento à Polícia Federal, ele não tem nada de novo para comentar sobre o caso.