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Em meio à crise diplomática, Janja defende Lula e diz que governo de Israel é 'genocida'

Presidente brasileiro foi classificado como 'persona non grata' após comparar ações de defesa israelense ao Holocausto nazista

Brasília|Do R7, em Brasília

Janja defende Lula em meio à crise diplomática
Janja defende Lula em meio à crise diplomática Ricardo Stuckert/PR - 14.02.2024

Em meio à crise diplomática, a primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, usou as redes sociais nesta segunda-feira (19) para defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "A fala se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises", afirmou. A declaração ocorre após o petista ser considerado por Israel como 'persona non grata', depois de comparar as ações de defesa israelense no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao Holocausto. Especialistas consultados pela reportagem apontam que o episódio aumentou a crise entre Brasil e Israel.

"Orgulho do meu marido, que desde o início desse conflito na Faixa de Gaza tem defendido a paz e principalmente o direito à vida de mulheres e crianças, que são maioria das vítimas. Tenho certeza que se o presidente Lula tivesse vivenciado o período da Segunda Guerra, ele teria da mesma forma defendido o direito à vida dos judeus. A fala se referiu ao governo genocida e não ao povo judeu. Sejamos honestos nas análises", afirmou Janja.

A declaração ocorre após Lula convocar ministros e membros do alto escalão do governo para uma reunião no Palácio da Alvorada. Participaram do encontro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Celso Amorim (Assessor Especial), Marco Aurélio Santana Ribeiro (chefe de gabinete) e Fernando Igreja (cerimonial).

Na Etiópia, Lula deu declarações polêmicas depois da participação na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista.


Após o episódio, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, informou nesta segunda-feira (19) que o presidente é considerado 'persona non grata' no país até que haja uma retratação sobre as declarações feitas pelo chefe brasileiro. "Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel. Informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejável em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", disse o israelense.

Depois da declaração de Lula, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou as declarações do presidente e afirmou que é vergonhosa e grave e disse que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura conversa de repreensão".


"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo, em que defende o direito internacional", declarou nas redes sociais.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".


Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".

"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.

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Especialistas consultados pela reportagem apontam que o gesto de classificar Lula como 'persona non grata' é uma reação israelense à declaração do petista, que comparou ações israelenses ao extermínio de judeus, mostra a gravidade da crise entre os dois países, além de ser uma reprimenda para eventuais manifestações de líderes mundiais. Técnicos do assunto avaliam que, por enquanto, a tensão não deve se estender aos acordos comerciais e econômicos.

"A declaração de Lula é absolutamente equivocada nos planos histórico, diplomático e político. Não há equiparação possível ao Holocausto, que foi organizado por um Estado contra uma determinada população. Foi um massacre. Não há precedentes na história", avalia o diplomata e diretor de Relações Internacionais do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal Paulo Roberto de Almeida.

O advogado especialista em direito internacional Bernardo Pablo Sukiennik argumenta que a classificação do brasileiro como 'persona non grata', como reação israelense, amplifica a crise gerada pelo petista. "Isso quer dizer que essa pessoa, no caso o Lula, não é mais bem-vinda em Israel. Não há previsão de visita ao Estado, mas com essa nomenclatura estão deixando claro que, enquanto o governo for liderado por Isaac Herzog e Benjamin Netanyahu, ele não é bem-vindo lá".

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