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Em meio ao tarifaço, acordo de minerais críticos pode ser chave para negociação com EUA

Apesar da oficialização de uma tarifa adicional de 40%, especialistas acreditam que o Brasil pode reverter cenário

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Pressão sobre o governo brasileiro aumenta devido à tarifa dos EUA ao Brasil.
  • Especialistas sugerem negociação de minerais críticos como uma possível solução.
  • Brasil possui cerca de 10% das reservas mundiais e pode ser um parceiro estratégico dos EUA.
  • Reunião entre a embaixada dos EUA e o Ibram discute acordos comerciais no setor mineral.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Brasil possui reserva estratégica de minerais críticos José Cruz/Agencia Brasil

Apesar da oficialização de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos, o Brasil ainda acredita na continuação do diálogo com o governo norte-americano. Entre as saídas discutidas seria a negociação da exploração de minerais críticos no país, recursos que representantes do governo de Donald Trump já haviam demostrado interesse.

Em meio à crise, analistas entendem que, apesar de um possível acordo criar uma maior dependência com os Estados Unidos, o Brasil poderia se beneficiar. Para a especialista em relações governamentais na BMJ Consultores para o setores de Minas e Energia, Luciana Rodrigues, o país possui um grande potencial estratégico para firmar um acordo com os norte-americanos.


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“O país se apresenta como uma alternativa geoestratégica promissora para suprir a crescente demanda global por esses insumos, concentrando cerca de 10% das reservas mundiais. Além de sua riqueza mineral, o Brasil oferece estabilidade institucional e uma matriz energética majoritariamente renovável, atributos que o tornam um parceiro confiável”, explica.

Luciana entende que um acordo do gênero poderia beneficiar o Brasil no acesso a financiamento, tecnologia de ponta, atração de investimentos em setores de alto valor agregado e maior protagonismo internacional.


“No entanto, há riscos relevantes, como a dependência excessiva dos EUA, a exportação de matéria-prima sem agregação de valor, cláusulas desfavoráveis e impactos socioambientais em áreas sensíveis. O desafio será garantir que a parceria contribua para o desenvolvimento industrial e sustentável do país”, alerta.

Mesmo com a oficialização, o especialista em comércio exterior Jackson Campos acredita que pelo fato de diversos produtos terem ficado fora da lista de isenção do tarifaço, pode ser que o Brasil consiga dialogar e reverter o cenário atual.


“Não acho que os EUA vão deixar de comprar os produtos brasileiros e quando o aumento pesar no bolso do consumidor americano, ele vai pressionar o governo dele a baixar as alíquotas”, explica.

Brasil no acordo

Na visão do especialista em negócios internacionais João Alfredo Lopes, a diplomacia brasileira não está aproveitando o potencial do país em negociar os minerais.


“Podemos, sim, vender esses itens para os Estados Unidos em troca da redução ou da retirada desses 50% de tarifa. É, só que, no momento, a gente não tem um canal aberto entre o Palácio da Alvorada e a Casa Branca e isso vem complicando bastante”, disse.

Nesta quinta-feira (31), o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que as negociações comerciais vão continuar, independente da oficialização das tarifas. Entretanto, o governo deve agir de maneira mais “forte”.

Analistas em comércio exterior e economia entendem que a lista de produtos isentos demostra, ainda, a dependência dos EUA em alguns produtos do Brasil. Segundo o economista Hugo Garbe, os itens retirados do tarifaço são “insumos-chave para setores industriais e produtivos americanos”.

“O anúncio feito pelo presidente Donald Trump, retirando parte dos produtos brasileiros da lista do tarifaço de 50%, não é um gesto de aproximação diplomática. É, acima de tudo, uma demonstração objetiva de necessidade”, analisa Garbe.

O especialista acredita que foi poupado da taxação aquilo que os Estados Unidos, pragmaticamente, ainda precisam importar do Brasil para manter a própria engrenagem funcionando.

Minerais críticos

Recursos-chave para transição energética, os minerais críticos incluem elementos como cobalto, níquel e lítio, fundamentais para produção de baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Apesar de serem essenciais para diversos setores estratégicos, esses minerais estão sujeitos escassez ou dependência de poucos fornecedores.

Segundo as projeções feitas pela Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, com o aumento da demanda global, o cobre e níquel terão lacunas de oferta previstas de 10-15% até 2030. Já outros metais de bateria, como cobalto, lítio, grafite, apresentam escassez prevista de 30-40%.

No último dia 23, o encarregado de negócios e representante oficial da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com a diretoria do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) para tratar dos acordos comerciais.

Segundo o instituto, a agenda foi solicitada pelo representante norte-americano e tratou da “missão comercial de mineradoras que atuam no Brasil ao mercado daquele país e do interesse dos Estados Unidos em possíveis acordos com o setor mineral brasileiro, principalmente com relação aos minerais críticos e estratégicos“.

Durante a reunião, Escobar teria demostrado interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que está em preparação pelo governo brasileiro, além de outras ações parlamentares.

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