Em reunião sobre G20, Haddad sugere que Brasil lidere 'reglobalização sustentável'
O ministro informou quais serão as prioridades brasileiras à frente do grupo, como a reforma das instituições financeiras
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu nesta quinta-feira (23) que o Brasil lidere uma "reglobalização sustentável", do ponto de vista social e ambiental, durante a presidência brasileira do G20, grupo que reúne as principais economias do mundo. Ele também informou quais serão as prioridades brasileiras à frente do grupo, como a reforma das instituições financeiras e uma nova abordagem de tributação global. A declaração foi feita em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Nós estamos propondo que o Brasil lidere uma espécie de 'reglobalização' sustentável, do ponto de vista social e do ponto de vista ambiental. Não temos que temer a globalização. Ela foi feita de forma equivocada, por isso trouxe tantas angústias, sobretudo em seu ápice, que foi a crise de 2008 e os seus desdobramentos", disse Haddad durante a instalação da comissão nacional brasileira do G20.
"Do ponto de vista econômico, o mundo está numa encruzilhada. Ou continuamos caminhando para uma crescente fragmentação, com a formação de blocos protecionistas e consequências imprevisíveis para a estabilidade geopolítica, ou inventamos uma nova globalização, colocando questões socioambientais no centro de nossas preocupações", acrescentou.
• Clique aqui e receba as notícias do R7 no seu WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo WhatsApp
• Compartilhe esta notícia pelo Telegram
• Assine a newsletter R7 em Ponto
O ministro da Fazenda afirmou ser fundamental uma mobilização maciça de recursos internacionais, "que devem vir principalmente do norte para o sul global", e enumerou as prioridades do grupo econômico-financeiro do G20.
Conheça as prioridades econômicas do G20, segundo Haddad
• Prevenir riscos, por meio de uma coordenação eficaz entre as políticas econômicas e financeiras
• Pôr a questão da desigualdade no centro da agenda macroeconômica em nível global
• Aprovar a reforma das instituições financeiras internacionais, para torná-las mais representativas e preparadas para cumprir a missão central
• Desenvolver uma nova abordagem para uma tributação justa
• Encontrar soluções para corrigir desigualdades e fechar brechas legais que permitam a evasão fiscal
• Promover o fluxo contínuo de recursos para países de baixa e média renda e avançar na resolução da dívida externa desses países, em particular das nações africanas
• Criar mecanismos apropriados de compartilhamento de riscos entre o capital público e privado para promover transformações ecológicas equitativas
Calendário da presidência do Brasil no G20 prevê três fases
Na mesma reunião, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o calendário geral da presidência brasileira do G20 prevê três fases de reuniões. Os representantes dos países vão se encontrar em 13 de dezembro, em Brasília, para discutir as ações políticas e financeiras.
Segundo Vieira, a primeira fase da reunião será por videoconferência, entre os meses de janeiro e fevereiro, com todos os 15 grupos de trabalho. A segunda etapa será marcada por encontros presenciais, de março a junho, em diversas cidades de todas as regiões brasileiras. Por fim, a última fase, também presencial, será entre agosto e outubro. As três etapas vão preparar o Brasil para o evento máximo da presidência brasileira do G20, que será a cúpula no Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024.
Lula anuncia forças-tarefa para debater clima e combate à fome
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira que o Brasil, na presidência do G20, vai criar duas forças-tarefa — uma contra a fome e a desigualdade, e a outra, sobre a mudança climática —, além de uma iniciativa de bioeconomia.
Na reunião de instalação da comissão nacional do grupo que reúne as principais economias do mundo, no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo afirmou que os ministros e as ministras "vão ter que se virar em dois ou em duas" para que o país possa atender às necessidades e não "deixar a peteca cair".
O Brasil assume o comando do G20 em 1º de dezembro e ficará 12 meses no posto.