Embaixador brasileiro deve voltar à Síria quando segurança for ‘estabelecida’, diz Itamaraty
Governo Lula iniciou retirada do corpo diplomático da Embaixada em Damasco nesta segunda, um dia depois da queda de Bashar al-Assad
Brasília|Natália Martins, da RECORD, e Ana Isabel Mansur, do R7 em Brasília
O embaixador brasileiro em Damasco, na Síria, André Luiz Azevedo dos Santos, deve retornar à cidade quando a “ordem e a segurança forem restabelecidas” na capital síria, informaram à reportagem fontes do Itamaraty. O diplomata está no Líbano, e a tendência do Executivo brasileiro é mantê-lo no país até “o governo transitório [da Síria] assumir a responsabilidade pela situação”.
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Nesta segunda-feira (9), o governo de Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a retirada do corpo diplomático da Embaixada do Brasil em Damasco. O movimento ocorre um dia depois da queda do presidente Bashar al-Assad e a tomada de poder pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham.
Ainda segundo os interlocutores, o Ministério das Relações Exteriores aguarda “a poeira baixar” para iniciar o contato com as novas lideranças sírias.
A avaliação do governo brasileiro é de que não há a mínima segurança em Damasco, inclusive para a equipe diplomática. Segundo fontes, o grupo brasileiro saiu da capital síria acompanhado de outras delegações internacionais e em comboio, com a ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas).
Ainda no domingo (8), depois da queda de Assad, a gestão federal pediu aos brasileiros que deixassem o país o mais rápido possível. O Itamaraty oferece o suporte necessário para a saída da região.
A Síria está em guerra civil desde 2011, e o confronto ganhou novos contornos na semana passada, quando grupos rebeldes islâmicos que lutavam contra o governo de Assad tomaram a cidade de Alepo, a segunda maior do país.
O movimento dos oposicionistas ocorreu durante o fim de semana e, no domingo (8), Assad e a família deixaram o país rumo a Moscou. A concessão de asilo humanitário ao agora ex-presidente da Síria foi uma decisão do próprio presidente russo, Vladimir Putin, segundo informou o porta-voz do Kremlin.
As hostilidades entre o ditador sírio e Hayat Tahrir al-Sham remontam a 2017, mas as raízes são mais profundas. O movimento é liderado por Abu Mohammed al-Jolani, ex-integrante da organização terrorista Al-Qaeda, que agora tenta se apresentar como mais moderado.
Um dos braços do grupo é a frente al-Nusra. Afiliada à Al-Qaeda, o movimento surgiu em 2012 como uma das principais forças de oposição armada durante a guerra civil. Diante do cenário, a influência externa será crucial para o futuro da Síria, com destaque para os países vizinhos e as grandes potências mundiais.
Os Estados árabes prometeram trabalhar para garantir que a queda de Assad não desencadeie uma nova onda de agitação contra os governantes da região e um ressurgimento de grupos ou movimentos extremistas. A fragmentação das forças militares e a necessidade de criar um governo de unidade nacional são alguns dos obstáculos.