Esposa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, depõe à PF nesta sexta-feira
Na quinta-feira, o marido dela ficou em silêncio durante depoimento sobre supostas fraudes em cartões de vacina
Brasília|Plínio Aguiar e Gabriela Coelho, do R7 em Brasília
A Polícia Federal (PF) vai ouvir nesta sexta-feira (19) às 14h30 Gabriela Santiago Cid, esposa de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro que está preso por suspeita de inserir dados falsos sobre a vacinação do ex-presidente contra a Covid-19. O ex-auxiliar de Bolsonaro prestou depoimento à PF nesta quinta (18), mas permaneceu em silêncio e não respondeu a nenhuma das perguntas feitas pelos investigadores. Cid ficou menos de uma hora na sede da corporação, em Brasília.
Segundo fontes ligadas ao tenente-coronel, Cid ficou em silêncio porque a perícia feita em seu celular apreendido tinha sido concluída na quarta (17), o que o deixou sem acesso às informações encontradas. Os peritos produziram um laudo em que relatam a forma como a extração de dados foi realizada e encaminharam uma mídia aos agentes federais.
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Cid está preso desde o dia 3 de maio, após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A suspeita é de que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura Bolsonaro, tenham sido forjados. Eles teriam inserido informações falsas no sistema do Ministério da Saúde entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 para conseguir o certificado de vacinação e viajar para os Estados Unidos.
Durante depoimento na terça (16), Bolsonaro afirmou à PF não ter nenhuma informação acerca do suposto esquema que fraudou dados de vacinação e que, se Cid tiver arquitetado o plano, foi à sua revelia, sem nenhum conhecimento nem orientação de sua parte. Questionado durante visita ao Senado na quinta (18), o ex-presidente disse apenas que "cada um siga a sua vida".
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Estados Unidos
Como mostrou o R7, Cid viajou para os Estados Unidos com a família com dados de vacinação contra a Covid-19 supostamente fraudados, segundo investigação da PF. A viagem foi em dezembro do ano passado. Eles voltaram para o Brasil em janeiro. A comprovação de vacinação com ao menos duas doses contra a Covid-19 foi necessária para entrar no país comandado por Joe Biden até 11 de maio.
Cid, a esposa e as três filhas ficaram em Miami entre 21 de dezembro de 2022 e 20 de janeiro último. Em fevereiro de 2023, a família viajou para Bruxelas, na Bélgica, com conexão em Madri, na Espanha. Eles retornaram para o Brasil em 23 de fevereiro, pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Naquele período, os dois países já não exigiam comprovante de imunização.
A manifestação da Procuradoria-Geral da República enviada ao STF com base na investigação da PF diz que "Mauro Cesar Barbosa Cid e Gabriela Santiago Ribeiro Cid fizeram uso de certificado de vacinação falso nas viagens realizadas em dezembro de 2022, em janeiro de 2023 e fevereiro de 2023".