Esposa de Mauro Cid movimentou mais de R$ 225 mil em seis meses, aponta Coaf
Relatório revela que Gabriela Cid é a segunda titular das contas de Mauro Cid e, só em Pix, recebeu mais de R$ 38 mil
Brasília|Camila Costa e Hellen Leite, do R7, em Brasília
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações atípicas na conta bancária de Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). Gabriela é a segunda titular de três contas bancárias de Cid analisadas pelo Coaf entre janeiro e junho de 2023. Ao todo, as transações feitas por ela chegam a um total de R$ 225.871,26. Somente via Pix, foram recebidos cerca de R$ 38,5 mil. Cadastros bancários mostram que Gabriela não tem renda e exerce a função de "do lar".
O R7 procurou a defesa de Mauro Cid, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
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Possível depoimento à CPMI
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) apresentou um requerimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro com pedido de convocação de Gabriela para que prese depoimento à comissão. Uma das justificativas são justamente essas movimentações financeiras atípicas apontadas pelo Coaf. O pedido ainda não foi votado.
"Documentos recebidos pela CPMI revelaram casos graves que envolvem o coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Messias Bolsonaro. Por consequência, a senhora Gabriela Santiago Ribeiro Cid, como esposa e segunda titular das contas bancárias do marido, também figura como envolvida", diz um trecho do requerimento.
Vacinas
Em maio, Gabriela prestou depoimento à Polícia Federal sobre adulterações de cartões de vacinação contra a Covid-19. Mauro Cid está preso desde 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército. Ele é investigado por ter falsificado dados de imunização dela, da família dele e da família Bolsonaro. Assim como Cid, Gabriela também é investigada pelos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores.
'Invadir Brasília'
Em junho, a esposa de Cid foi envolvida em outro caso. Ela e a filha do general Eduardo Villas Bôas, Ticiana Villas Bôas, teriam articulado atos extremistas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições. Mensagens obtidas pela Polícia Federal revelam que as duas falaram em invadir Brasília e em derrubar o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas mensagens, elas defendem uma nova eleição, com voto impresso, e a destituição de Moraes, que, segundo Gabriela, "tem que cair". "Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso", escreveu a eposa de Mauro Cid. A filha do general e ex-comandante do Exército responde: "Ou isso, ou a queda do Moraes".
Quebra de sigilo telefônico
Por causa dessa troca de mensagens, Gabriela também é alvo de um pedido de quebra de sigilo telefônico. Um requerimento apresentado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) pede os registros das ligações recebidas e realizadas por ela no período de 1º de outubro de 2022 a 30 de junho de 2023.
Na justificativa, é apontada a investigação da Polícia Federal que interceptou mensagens trocadas entre Gabriela e Ticiana Villas Bôas em que ambas expõem a intenção de financiar movimentos extremistas após as eleições.
"Portanto, é imperioso que seja aprovada a quebra e transferência dos sigilos telefônicos e bancários, a fim de que esses dados possam auxiliar esta CPMI na elucidação dos fatos apurados", afirmou a deputada.