‘Estamos enfrentando um esquema profissional de desinformação’ diz Pimenta
Ministro afirmou que publicação de notícias falsas sobre situação do Rio Grande do Sul deve ser tratada como crime
Brasília|Rafaela Soares e Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, classificou como crime a disseminação de fake news com objetivo de atrapalhar quem está trabalhando no resgate de moradores do Rio Grande do Sul e na recuperação do estado. “Nós estamos, claramente, enfrentando um esquema profissional de desinformação, de fake news. É como em uma guerra, o serviço de contra-informação. Eu estou convencido disso”, disse ele nesta quinta-feira (9).
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Pimenta citou como exemplos de notícias falsas a suposta negativa de ajuda do Uruguai pelo governo brasileiro e a suposição de que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estaria barrando cargas de medicamentos. Segundo o ministro, a informação da suposta retenção da carga de medicamentos partiu de postagens feitas por dois médicos influencers. “Isso é mentira. A Anvisa não fiscalizou nada disso, é uma mentira completa que já foi desmentida”, destacou.
A alegação também foi contestada pela própria Anvisa, que por meio de nota ressaltou que participa do Centro de Operações de Emergência, coordenado pelo Ministério da Saúde, para definir ações diante da emergência no estado. “É importante reforçar que estão sendo disseminadas notícias falsas que a Anvisa está restringindo a chegada de medicamentos doados ao Rio Grande do Sul. Esta informação é falsa e Fake News é crime. Informe-se antes de repassar.”
Já sobre a ajuda de outros países, o ministro ressaltou que os comandantes das Forças Armadas não teriam porque não aceitar a oferta, já que os homens e mulheres estão trabalhando no limite da saúde física e mental. “Então, cada dia é uma fake news nova. Agora, eu vi uma campanha que eles fazem por aplicativos de mensagens, no mesmo padrão de outras, dizendo para as pessoas irem ao mercado comprar tudo que puderem, claramente apostando em um desabastecimento.”
Segundo o último boletim do governo do estado, 107 mortes já foram confirmadas devido e 1,4 milhão de pessoas foram afetadas pelas enchentes.
Ações
O governo federal já prometeu ao menos R$ 4,8 bilhões para o Rio Grande do Sul, em meio às fortes chuvas e a calamidade pública enfrentadas pelo estado. O valor inclui uma espécie de “emenda de resgate emergencial” criada pelo Executivo, com R$ 1,3 bilhão, e a suspensão de R$ 3,5 bilhões da dívida do RS com a União, que deve ocorrer até o fim deste ano.
Além disso, o governo federal prepara uma linha de crédito especial para a reconstrução das casas atingidas pelas enchentes e uma medida provisória com recursos adicionais. Até a tarde dessa quarta (8), o total de mortos por causa das enchentes chegou a 100 pessoas e quatro óbitos estavam sob investigação.
O Executivo pretende editar a medida provisória com liberação de recursos para o estado ainda nesta semana. A ideia do governo é centralizar os auxílios financeiros ao Rio Grande do Sul em um único texto, o que não exclui a possibilidade de novos valores serem incluídos na medida, conforme necessidade.
Para a definição dos valores necessários, é esperada uma reunião entre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O encontro deve ocorrer ainda nesta semana, em Brasília.