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R7 Brasília

Ex-ministro de Bolsonaro revelou planejamento de 'Abin paralela' dias antes de morrer; relembre

Bebianno, que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência, afirmou em 2020 que ideia foi levantada por Carlos Bolsonaro

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Bebianno disse que 'Abin paralela' foi ideia de Carlos
Bebianno disse que 'Abin paralela' foi ideia de Carlos Valter Campanato/Agência Brasil — Arquivo

O advogado Gustavo Bebianno, que atuou como ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Jair Bolsonaro, citou em 2020 que a ideia da "Abin paralela" foi levantada por Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, por haver uma "paranoia familiar de não se confiar em ninguém". Bebianno morreu em março daquele ano, aos 56 anos, dias depois da entrevista, vítima de um infarto fulminante no sítio dele, em Teresópolis.

Em entrevista dada em março de 2020, Bebianno narrou que Carlos Bolsonaro apareceu com o nome de um delegado federal e de três agentes, "que seria uma Abin paralela, porque ele não confiava na Abin".

"Aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma, porque aquilo seria motivo para impeachment. Depois eu saí, não sei se aquilo foi instalado", declarou. 

Bebianno rompeu com a família Bolsonaro após ser pivô da primeira crise política da gestão Bolsonaro. Ele foi demitido do cargo de ministro em 18 fevereiro de 2019 em meio acusações de irregularidades nas campanhas do PSL quando era presidente nacional do partido. A crise ganhou amplitude quando Carlos Bolsonaro o chamou de mentiroso, declaração que também foi reforçada pelo ex-presidente.


Depois da quebra da relação, Bebianno iniciou uma série de ataques à gestão Bolsonaro, tendo também confirmado a existência de um "gabinete do ódio" dentro do Planalto. "Criou-se gabinete do ódio, que é comandado, sim, pelo Carlos, que as pessoas morrem de medo e fazem o que ele manda fazer", disse o advogado, na mesma entrevista. 

Além de ex-ministro, o advogado foi coordenador da campanha de Jair Bolsonaro em 2018, ele era pré-candidato a prefeito pelo PSDB no Rio.


Mesmo negando a existência de uma "Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela", o ex-presidente Jair Bolsonaro declarou, enquanto estava no cargo, que interferiria no serviço de informações brasileiro enquanto era o chefe do Executivo.

Interferência na inteligência

Apesar de Bebianno nunca ter cravado a efetiva criação da "Abin paralela", o próprio ex-presidente Bolsonaro declarou em reunião com ministros, também em 2020, que iria interferir nos órgãos de informação do país.


"O serviço de informações nosso, todos, é uma vergonha. Eu não sou informado. Não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. E ponto final. Não é ameaça ou extrapolação da minha parte. É uma verdade", afirmou. 

Na ocasião, o então presidente também revelou que já havia tentando "trocar gente da segurança nossa do Rio e não consegui". "Não posso trocar alguém da segurança nossa que está na ponta da linha. Vai trocar. Se não puder, troca o chefe dele, troca o ministro e ponto final. Não estamos aqui para brincadeira", completou. 

À época, Bolsonaro tentou colocar o delegado e agora deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) como novo diretor-geral da Polícia Federal. No entanto, precisou retroceder e suspender a nomeação por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ramagem, então, permaneceu à frente da Abin. 

Ramagem foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas do órgão, deflagrada em 25 de janeiro deste ano. O R7 apurou que um notebook e um celular pertencentes à Abin foram apreendidos na ocasião. 

A partir de troca de mensagens encontrada depois da quebra de sigilo telemático no celular do ex-diretor da Abin, o alvo de uma nova operação desta segunda-feira (29) foi Carlos Bolsonaro

Antes da ação da PF, Bolsonaro e os filhos realizaram uma live, no domingo (28), e o ex-presidente negou ter criado uma "Abin paralela" para espionar os adversários políticos durante a época em que governava o país. Ao Blog do Nolasco, Bolsonaro disse que a operação tem o propósito de "desgastar e esculachar" a imagem de Carlos em um ano eleitoral, e que "não há dúvidas que existe perseguição".

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