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Ramagem foi encontrado com aparelhos da Abin; PF investiga se ele ainda recebia informações

Deputado é investigado por uso ilegal de ferramenta de espionagem; grupo criou estrutura paralela dentro da Abin, diz PF

Brasília|Gabriela Coelho, do R7, e Natália Martins, da RECORD

Ramagem era diretor-geral da Abin
Ramagem era diretor-geral da Abin Bruno Spada/Câmara dos Deputados – 17.10.2023

A Polícia Federal apreendeu celulares e notebooks no apartamento funcional do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) nesta quinta-feira (25). O R7 apurou que um notebook e um celular ainda pertencem à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem é um dos alvos de uma operação que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas do órgão. 

As investigações apontam indícios de que Ramagem continuou recebendo informações de dentro da Abin mesmo depois de deixar o comando do órgão. O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas, assim como endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A casa e o escritório do deputado também foram alvos da ação. Ramagem deve prestar depoimento na sede da PF.

A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não se posicionaria no momento.

A PF também suspendeu sete policiais federais do exercício das funções públicas. As ações desta quinta-feira (25) fazem parte das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023.


Investigação aponta que havia estrutura paralela dentro da Abin
Investigação aponta que havia estrutura paralela dentro da Abin Reprodução / Record TV

A apuração mostrou que os investigados criaram uma estrutura paralela dentro da agência. "[O grupo] utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", explicou a PF.

Os mandados de busca e apreensão são cumpridos nas seguintes cidades:


- Brasília (DF) – 18 mandados;

- Juiz de Fora (MG) – 1 mandado;


- São João Del Rei (MG) – 1 mandado;

- Rio de Janeiro (RJ) - 1 mandado.

Caso os crimes sejam comprovados, os suspeitos podem responder por invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

Operação Última Milha

Em 2023, a PF descobriu indícios do uso de mais ferramentas de espionagem ilegal por servidores da Abin — entre elas há um programa de invasão de computadores que permitia acesso a todo o conteúdo privado dos alvos. Os softwares foram encontrados nos equipamentos apreendidos durante as buscas. As informações foram repassadas à RECORD por uma fonte da corporação.

A suspeita é que os investigados usavam “técnicas que só são permitidas mediante prévia autorização judicial”.

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Em 20 de outubro do ano passado, a PF revelou que um sistema de geolocalização da Abin para dispositivos móveis, como celulares e tablets, teria sido usado em monitoramentos ilegais por servidores mais de 30 mil vezes em dois anos e meio. Entre os alvos da espionagem irregular estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), jornalistas, políticos e adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PF também cumpriu 25 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo, em Santa Catarina, no Paraná e em Goiás. Os agentes encontraram mais de US$ 171 mil em espécie na casa de um dos suspeitos, em Brasília. Além disso, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o afastamento de outros cinco funcionários da Abin.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a operação é uma "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ramagem foi o coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018.

Em uma rede social, Valdemar disse que o mandado de busca e apreensão expedido contra Ramagem o elegerá "mais facilmente" nas eleições municipais deste ano. Ele foi escolhido como candidato do partido para a Prefeitura do Rio de Janeiro.

A PF trabalha com a suspeita de que a Abin foi usada para ajudar filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações judiciais em tramitação na Justiça.

Em nota, o senador Flávio Bolsonaro afirmou que "é mentira que a Abin tenha me favorecido de alguma forma, em qualquer situação, durante meus 42 anos de vida".

"Isso é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro. Minha vida foi virada do avesso por quase cinco anos e nada foi encontrado, sendo a investigação arquivada pelos tribunais superiores com teses tão somente jurídicas, conforme amplamente divulgado pela grande mídia", disse na nota.

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