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Ex-servidor federal relata pressão por análise de votos ligados a facções nas eleições de 2022

Depoimento faz parte da série de oitivas solicitadas pela PGR e pelas defesas dos réus do núcleo 2 da trama golpista

Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

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Clebson Ferreira de Paula Vieira atuou no Ministério da Justiça no governo Bolsonaro Marcelo Camargo/Agência Brasil - Arquivo

O analista de inteligência Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuou no Ministério da Justiça durante o governo Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento nesta segunda-feira (14) que recebeu ordens para produzir análises eleitorais com viés político.

Segundo ele, foi solicitado que cruzasse dados de votação do segundo turno das eleições de 2022 com territórios supostamente dominados por facções criminosas, em especial o Comando Vermelho.


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O depoimento foi prestado ao juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito da ação penal do núcleo 2 da trama golpista que, segundo a PGR (Procuradoria-Geral da República), tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vieira disse que a demanda o deixou desconfortável e que, à época, chegou a desabafar com a então esposa sobre a pressão. “Surgiu uma demanda daquelas, diretamente da diretora. Eu estou muito mal, mas tenho que acelerar”, escreveu em mensagem no dia 21 de outubro de 2022.


Segundo ele, a diretora citada seria Marília Alencar, uma das ex-diretoras do Ministério da Justiça e Segurança Pública e também ré no processo.

“A gente que trabalha na atividade de inteligência há alguns anos tem que lutar contra a inteligência parcial. Ver pessoas com autoridade tentando distorcer isso é muito triste”, declarou Vieira. Ele relatou que pedidos como esse eram velados, mas traziam um “viés de ajuda ao governo”.


Além disso, contou ter sido incumbido de complementar um painel de Business Intelligence (BI) com informações que destacavam regiões do país onde candidatos, como o então ex-presidente Lula, tiveram votação superior a 75%. As impressões desse painel, segundo ele, foram repassadas para terceiros.

As oitivas de hoje integram a série de depoimentos de testemunhas arroladas pela PGR e pelas defesas dos réus do núcleo 2 da trama golpista, que respondem por crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada e deterioração de patrimônio tombado.


Ainda nesta segunda, também prestaram depoimento Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário de Uberlândia (MG) que teria colaborado na elaboração do estudo usado pelo PL para contestar a segurança das urnas eletrônicas.

As oitivas seguirão até 21 de julho e podem ser acompanhadas pela imprensa na sala de sessões da Primeira Turma do STF.

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