Facada por acidente em comparsa leva polícia a descobrir autores de ataque a jornalista
Ferido, o menor de 17 anos foi levado ao mesmo hospital em que Gabriel ficou internado; na delegacia, ele confessou a participação
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
A Polícia Civil afirmou que o ataque ao jornalista Gabriel Luiz, da TV Globo, foi tentativa de latrocínio. De acordo com o delegado Douglas Fernandes, que cuida do caso, os suspeitos afirmaram que não conheciam a vítima e que haviam levado R$ 250 da carteira do profissional de imprensa. A polícia afirma que "nada leva a crer em outra hipótese", mas que não descarta a participação de outras pessoas. Um suspeito de 19 anos foi preso e um adolescente de 17, apreendido. Eles confessaram o crime, segundo a polícia.
As suspeitas de latrocínio se fortaleceram depois que o menor foi até o Hospital de Base do Distrito Federal, o mesmo hospital em que Gabriel estava internado, alegando ter sido ferido em uma tentativa de assalto a ele. O menor foi levado pela mãe de um amigo, que também o conduziu a uma delegacia para registrar o suposto crime.
Em depoimento aos policiais, ele se contradisse e acabou confessando que tinha sido atingido pelo próprio companheiro durante o ataque a Gabrial. O delegado afirmou que os suspeitos disseram que só tiveram conhecimento de quem era o jornalista e da repercussão do crime nesta sexta (15).
O suspeito de 19 anos disse, em depoimento, que usou drogas com o menor e que eles combinaram de cometer crimes.
"Um dos indivíduos deu um mata-leão na vítima e o outro desferiu a facada. Ambos, no depoimento, disseram que não conheciam a vítima, que escolheram uma vítima a esmo. O próprio autor disse que descartou o celular por saber que seria localizado", disse o delegado.
O menor foi levado para a DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente). Um dos autores, de acordo com as investigações, teria pegado 550 euros (cerca de R$ 2.800) da mãe com a finalidade de fugir para Paracatu, em Minas Gerais.
O crime
O jornalista foi atacado próximo do prédio onde mora, no Sudoeste. Imagens de câmeras de segurança mostram que ele estava andando em uma área de estacionamento quando dois homens começaram a segui-lo. Em seguida, um deles parte para cima de Gabriel e o segura, enquanto desfere golpes de faca.
As agressões partem dos dois homens. Um vizinho vê a cena e grita. Então os acusados saem correndo, e o jornalista corre em direção ao edifício e pede ajuda ao porteiro. Gabriel atua na cobertura política e faz investigações sobre denúncias de irregularidades.
A carteira do jornalista não foi levada e seu celular foi encontrado perto da região onde ocorreu o esfaqueamento.
Repercussão
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), classificou de atentado o ataque ao jornalista Gabriel Luiz, da Rede Globo. O profissional foi esfaqueado na noite desta quinta-feira (14) quando voltava para casa, no Sudoeste, área nobre de Brasília. Até o início da tarde desta sexta-feira, ele estava internado no Hospital de Base, onde passou por cirurgias. Seu estado de saúde é grave, mas estável.
"Recebo com indignação a notícia do atentado — ainda inexplicado — contra o jornalista Gabriel Luiz. Gabriel vocaliza as reivindicações de comunidades do DF, fazendo jornalismo investigativo profundo e sério. Desejo pleno restabelecimento ao profissional", escreveu Mendes nas redes sociais.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também usou as redes sociais para comentar o ataque e disse esperar que os responsáveis sejam punidos. "Minha solidariedade ao repórter da TV Globo Gabriel Luiz, de 28 anos, esfaqueado na noite passada, em Brasília. Na torcida pela sua pronta recuperação. Espero que o crime seja investigado com rigor e que os responsáveis sejam punidos", disse.