Falta de mobilização do governo motiva demora para votar reestruturação dos ministérios
Presidente da Câmara, Arthur Lira, reuniu lideranças para contar votos, mas cobra do governo o papel de articulação
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
A um dia de vencer a medida provisória que reorganiza a Esplanada dos Ministérios, o governo federal tenta recuperar o tempo perdido e corre contra o tempo para articular a aprovação do texto no Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reúne lideranças, nesta quarta-feira (31) para contar votos, após um movimento da oposição e do chamado Centrão que pode comprometer a nova configuração dos ministérios. Parlamentar conversou com Lula por telefone na manhã do dia decisivo.
Lira cobra da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma articulação mais forte e tirou o corpo da missão de defender pautas do governo para o governo. O presidente da Câmara quer focar o poder de negociação em pautas de interesse nacional, como a reforma tributária e como fez em relação ao marco fiscal.
Lula convocou ministros para uma reunião no Palácio da Alvorada na manhã desta quarta-feira (31) para debater sobre a medida provisória que trata da reestruturação, conversa que contou, também, com a participação do líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE).
Do Palácio, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, seguiu para encontro com Lira. Padilha já declarou que o governo vai defender o relatório do deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) da forma com que foi aprovado na comissão mista, mesmo havendo esvaziamento de pastas como do Meio Ambiente e Povos Indígenas.
"Não acho que seja o melhor, o ideal, mas vamos defender o relatório", afirmou Padilha durante uma reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, momentos antes da votação da matéria na Câmara, na terça-feira (30), que acabou sendo adiada por risco de não passar.
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A reportagem apurou com pessoas próximas ao governo e parlamentares da base que o impasse é político. O movimento contra a votação tem apoio de líderes do Centrão, além da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No entanto, até mesmo partidos próximos ao governo, como o Solidariedade, conta com integrantes contrários à forma com que as mudanças pelo relator impactam pautas ambientalistas.
Para que a medida seja aprovada, é necessário pelo menos 257 votos favoráveis entre 513 deputados. Caso esse número não seja atingido ou a matéria não seja sequer votada, a mensagem é de derrota clara do governo, expondo uma fragilização política, mas sobretudo comprometendo a organização dos ministérios.
Veja mais: Meio Ambiente e Povos Indígenas prometem reagir diante de texto que esvazia poder dos ministérios
Sem a aprovação da MP, o governo terá de retomar a estrutura ministerial anterior à posse de Lula. Dessa forma, a gestão do presidente deixaria de ter 37 pastas e passaria a contar com 23, como era no fim do mandato de Jair Bolsonaro (PL). Se isso acontecer, Lula vai perder uma série de ministérios que não existiam no ano passado, como os de Igualdade Racial, Povos Indígenas, Planejamento e Orçamento, entre outros.