Governo se reúne nesta terça em busca de acordo para exploração de petróleo na foz do rio Amazonas
A ministra Marina Silva e o presidente do Ibama vão discutir com o Ministério de Minas e Energia o impasse sobre projeto da Petrobras
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O governo federal vai se reunir na tarde desta terça-feira (23) no Palácio do Planalto para discutir um pedido da Petrobras para a exploração de petróleo na bacia da foz do rio Amazonas. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima é contra a iniciativa, mas a pasta de Minas e Energia defende dar autorização à companhia para operar na região.
Entre os integrantes do Executivo que confirmaram participação na reunião estão a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, e o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho.
Também são esperados para o encontro membros de outras pastas, como os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira, além de representantes da Petrobras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não informou se vai à reunião.
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Nesta segunda-feira (22), Marina participou de uma palestra promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e fez uma crítica a quem "destrói a natureza", sem citar a Petrobras.
"Muita contradição dizer que ama o Criador e desrespeita a criação, dizer que ama o Criador e destrói a criação, dizer que ama o Criador e está mais preocupado em ganhar dinheiro com a criação do que cuidar desse jardim, que Ele nos deu para cultivar e guardar. Pode cultivar, usar, mas guarda, protege", afirmou ela.
Na semana passada, o Ibama negou à Petrobras uma licença para explorar a bacia da foz do rio Amazonas. A decisão foi tomada por Rodrigo Agostinho. O presidente do órgão seguiu a recomendação de técnicos da diretoria de licenciamento ambiental do Ibama, que apontaram "inconsistências técnicas" da empresa de petróleo.
"Não restam dúvidas de que foram oferecidas todas as oportunidades à Petrobras para sanar pontos críticos de seu projeto, mas que este ainda apresenta inconsistências preocupantes para a operação segura em nova fronteira exploratória de alta vulnerabilidade socioambiental", afirmou o presidente do Ibama no texto em que negou a licença.
Após a decisão do Ibama, a Petrobras chegou a informar que as sondas e os recursos mobilizados na região do rio Amazonas seriam direcionados a atividades da companhia nas bacias da região Sudeste. Contudo, a empresa voltou atrás, depois que o Ministério de Minas e Energia pediu à estatal que não retire os equipamentos "por tempo adicional que possibilite o avanço das discussões".
Impasse
Em meio ao impasse, Lula prometeu mediar o conflito. Ele disse não ver problemas para o empreendimento, por entender que a região que a Petrobras quer explorar fica em alto-mar.
"Se explorar esse petróleo tiver problemas para a Amazônia, certamente não será explorado. Mas eu acho difícil, porque são 530 km de distância da Amazônia. Mas eu só posso saber quando eu chegar lá [ao Brasil]", declarou ele, horas antes de deixar o Japão, depois de ter participado da cúpula do G7, no último fim de semana.