Haddad diz que megaoperação contra crime organizado e PCC ‘chegou ao andar de cima’
Ministro da Fazenda classificou operação como exemplar e disse que ela abre caminhos para outras da ‘mesma envergadura’
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília e Edis Henrique Peres, do R7, em BrasíliaOpens in new window
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (28) que a megaoperação deflagrada hoje contra esquema no setor de combustíveis, formada por três operações distintas, é “exemplar” e conseguiu chegar ao “andar de cima”. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa, com a presença também do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
“Estamos falando de três operações que ocorrem em 10 estados. Uma ação de âmbito nacional [contra um grupo] extremamente sofisticado do ponto de vista financeiro. Se você prende uma pessoa, mas o dinheiro fica à disposição do crime, essa pessoa será substituída por outra. A operação é exemplar porque conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima do sistema”, disse.
Haddad detalhou que a investigação apura fundos em que transitaram R$ 52 bilhões em quatro anos. “Operação está bloqueando mais de 100 imóveis, veículos, patrimônio que pode chegar a bilhões. Assim você estrangula o crime e impede que ele prospere. Esse é um caminho das pedras para que outras operações dessa envergadura se tornem viáveis. Apenas da Receita [Federal] 350 auditores estão na rua cumprindo mandados”, detalhou.
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Segundo Haddad, mais de mil profissionais estão em ação no combate ao crime organizado. “Estamos tentando desmantelar a refinaria do crime. Escolhemos o setor de combustível porque ele estava mais efetivamente à vista e o consumidor é a parte frágil disso tudo. Essa é a maior operação da história do Brasil, sem sombra de dúvida, e inaugura uma nova forma de trabalhar”, garantiu.
Setor de combustível
Em maio, o R7 publicou reportagem que mostrava que o setor de combustível tinha pelo menos 941 postos de gasolina sob algum domínio de facções criminosas. De acordo com dados obtidos pela reportagem na época, São Paulo era o estado mais crítico, com 290 postos influenciados ou dirigidos pelo crime organizado; a unidade federativa é seguida por Goiás (163), Rio de Janeiro (146) e Bahia (103) (veja dados abaixo).
Os dados eram de levantamento feito pelo setor e compartilhado com a reportagem. Para mapear os postos, a pesquisa considerou diversos fatores, como relação de agentes com participações societárias, uso de laranjas e relações entre postos e redes. Hoje, o Brasil tem cerca de 42 mil postos de combustível.
A análise revela que os dirigentes e responsáveis por esses postos de gasolina estariam envolvidos em lavagem de dinheiro e envolvimento em operações policiais, além de muitos terem histórico prisional.

Entenda operações
As operações, que se concentram em diferentes etapas da cadeia produtiva dos combustíveis, visam apurar supostos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, além da suposta ação da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em postos, refinarias e distribuidoras.
As operações são:
- Operação Carbono Oculto, do Ministério Público de São Paulo
- Operação Quasar, da Polícia Federal
- Operação Tank, da Receita Federal e Polícia Federal
Ao todo, há 350 alvos de mandados de busca e apreensão, entre pessoas físicas e jurídicas.
Operação Carbono Oculto
O MPSP (Ministério Público de São Paulo) afirmou que mais de R$ 7,6 bilhões foram sonegados. Segundo as investigações, mais de mil postos ligados aos investigados movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
Segundo os investigadores, diversas irregularidades foram descobertas em diferentes etapas da cadeia de combustíveis, desde a produção até a distribuição, lesando não só motoristas, mas todo o setor.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional também ingressou com ações judiciais cíveis de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para a garantia do crédito tributário.
Um “sofisticado esquema” criado pela facção, possibilitava a lavagem do dinheiro e a obtenção de altos lucros nesta cadeia econômica.
“O uso de centenas de empresas operacionais na fraude permitia dissimular os recursos de origem criminosa. A sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e prejudicavam os consumidores e a sociedade”, disse a Receita Federal.
Elas criam modelos de negócio digitais, desburocratizando o acesso a serviços como pagamentos, crédito, seguros e investimentos, com custos geralmente menores.
Lavagem de dinheiro
As formuladoras, as distribuidoras e os postos de combustíveis também eram usados para lavar dinheiro de origem ilícita. Há indícios de que as lojas de conveniência e as administradoras desses postos, além de padarias, também participavam do esquema.
Auditores-fiscais da Receita Federal identificaram irregularidades em mais de 1.000 postos de combustíveis distribuídos em 10 estados. São eles:
- São Paulo
- Bahia
- Goiás
- Paraná
- Rio Grande do Sul
- Minas Gerais
- Maranhão
- Piauí
- Rio de Janeiro
- Tocantins
A maioria desses postos tinha o papel de receber dinheiro em espécie ou via maquininhas de cartão e transitar recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias no esquema de lavagem de dinheiro.
Perguntas e Respostas
Qual foi a declaração do ministro da Fazenda sobre a megaoperação contra o crime organizado?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a megaoperação deflagrada contra um esquema no setor de combustíveis como “exemplar” e afirmou que ela conseguiu chegar ao “andar de cima” do crime organizado. Ele destacou que a operação é uma ação de âmbito nacional que envolve três operações distintas em 10 estados.
Quais foram os resultados da investigação mencionada por Haddad?
Haddad informou que a investigação apura fundos onde transitaram R$ 52 bilhões em quatro anos e que a operação está bloqueando mais de 100 imóveis e veículos, com um patrimônio que pode chegar a bilhões. Ele ressaltou que essa ação é um caminho para que outras operações de grande envergadura se tornem viáveis.
Quantos profissionais estão envolvidos na operação e qual é o foco dela?
Mais de mil profissionais estão atuando no combate ao crime organizado, com o foco na desmantelação de uma “refinaria do crime” no setor de combustíveis, que é considerado vulnerável ao consumidor. Haddad afirmou que essa é a maior operação da história do Brasil nesse contexto.
Quais dados foram revelados sobre o setor de combustíveis e sua relação com o crime organizado?
Uma reportagem anterior revelou que pelo menos 941 postos de gasolina estavam sob domínio de facções criminosas, com São Paulo sendo o estado mais afetado. A pesquisa considerou fatores como relações societárias e uso de laranjas para mapear os postos. A análise indicou que muitos dirigentes desses postos estavam envolvidos em lavagem de dinheiro e tinham histórico prisional.
Quais são os objetivos das operações em andamento?
As operações visam apurar crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, além da suposta atuação da facção criminosa PCC em postos, refinarias e distribuidoras. Há 350 alvos de mandados de busca e apreensão, e o Ministério Público de São Paulo afirmou que mais de R$ 7,6 bilhões foram sonegados.
Como a Receita Federal está agindo em relação aos envolvidos?
A Receita Federal ingressou com ações judiciais para bloquear mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos, para garantir o crédito tributário. A Receita também destacou que um esquema sofisticado permitia a lavagem de dinheiro e a obtenção de altos lucros na cadeia produtiva de combustíveis.
Quais irregularidades foram identificadas na cadeia produtiva de combustíveis?
Os investigadores descobriram diversas irregularidades em todas as etapas da cadeia de combustíveis, desde a produção até a distribuição, prejudicando não apenas motoristas, mas todo o setor. A Receita Federal afirmou que a sonegação fiscal e a adulteração de produtos aumentavam os lucros e afetavam consumidores e a sociedade.
O que foi identificado sobre os postos de combustíveis envolvidos?
Auditores-fiscais da Receita Federal identificaram irregularidades em mais de 1.000 postos de combustíveis em 10 estados. Muitos desses postos eram utilizados para receber dinheiro em espécie e transitar recursos do crime para a organização criminosa por meio de suas contas bancárias.
Quais outras ações foram deflagradas além da megaoperação?
Além da megaoperação contra o esquema bilionário ligado ao PCC, a Polícia Federal e a Receita Federal também deflagraram outras duas operações simultâneas contra grupos criminosos que atuam na cadeia produtiva de combustíveis.
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