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Hipster da Federal foi medicado horas antes de morrer, diz amiga

Segundo ela, Lucas seria transportado de volta a Brasília, mas conseguiu fugir de carro e seguiu para a fazenda, onde foi morto

Brasília|Camila Andrade, da Record TV; Jéssica Moura e Hellen Leite, do R7, em Brasília

Lucas Valença foi alvejado com um tiro no peito ao tentar invadir uma fazenda em Goiás
Lucas Valença foi alvejado com um tiro no peito ao tentar invadir uma fazenda em Goiás

Comovida com a morte de Lucas Valença, conhecido como hipster da Federal, uma amiga do policial contou ao R7 que o agente foi medicado horas antes de ser alvejado no peito. Segundo Deise Menezes, Lucas passou o Carnaval com a família e amigos em uma chácara na região de Buritinópolis (GO) quando começou a ficar alterado, por volta do meio-dia da quarta-feira (2).

"Já estava nervoso e alterado. O padrasto dele, que estava com ele, resolveu chamar a Polícia Federal, para que o pessoal que tem treinamento específico para isso fosse ajudá-lo", detalhou a amiga. Lucas chegou a ser medicado por uma amiga, que tentou acalmá-lo. "Não parecia o Lucas, estava mais agitado". 

Leia também: Delegado diz que hipster da Federal estaria em surto psicótico

Deise relatou que um agente da PF foi até a chácara em que Lucas estava para transportá-lo de volta a Brasília. A família temia que ele se torna-se perigoso. Mas, na altura de Alvorada do Norte, a 9 km de Buritinópolis, Lucas saiu do carro, fugiu pela mata e seguiu para a Fazenda Santa Rita, onde acabou morto.


"Para mim, foi um choque, a gente foi embora acreditando que a polícia ia dar um jeito, iriam buscá-lo para fazer tratamento. Quando a gente soube que ele fugiu e foi recebido à bala porque estava transtornado, a gente não acredita", afirmou Deise. "É uma perda extremante dura, porque já perdeu o pai, o irmão mais novo por envenenamento, um dos irmãos ficou paraplégico aos 18 anos. Agora a mãe dele ficou só com um filho".

A amiga do policial contou ainda que ele estava enfrentando um momento difícil e que não esperava o desfecho trágico. "Ele estava sofrendo, estava precisando de ajuda e, infelizmente, a gente não conseguiu ajudá-lo, e aconteceu essa fatalidade", lamentou. O policial estava com depressão e fazia tratamento psicológico.


"O Lucas era uma pessoa extremanente educada, amistosa, alegre, uma pessoa que gostava de conversar", disse Deise. "Muito inteligente, questionava as coisas do mundo". 

Lucas foi enterrado nesta sexta-feira (4) sob forte comoção em Brasília. Os policiais fizeram um corredor, por onde os familiares de Lucas passaram e foram aplaudidos. Em posição de sentido, eles acompanharam o cortejo. Do alto de um helicóptero da PF, agentes jogaram pétalas brancas e vermelhas sobre a sepultura.


"Era muito querido por muitos amigos e profissionais. Isso que a gente queria que as pessoas ficassem sabendo, parece que ele era só aquela celebridade ou uma pessoa louca que invadiu uma casa", finalizou a amiga do policial. 

Tragédia

Lucas morreu após levar um tiro de espingarda no peito dentro de uma fazenda. Ele teria invadido a propriedade aos gritos de que havia um demônio ali, desligado a energia do local e arrombado a porta.

No boletim policial registrado como homicídio, o dono da fazenda, um homem de 29 anos, informou que estava em casa com a mulher e a filha quando ouviu barulhos do lado de fora e "uma gritaria com diversos xingamentos". O proprietário rural teria mandado o policial ir embora.

"A vítima [Lucas] dizia: 'Saiam todos de dentro de casa, senão vou entrar e matar'", detalhou o delegado Adriano Jaime Carneiro, plantonista da Delegacia Regional de Posse (GO).

O fazendeiro também disse à polícia que "por medo e para proteger sua família, efetuou um disparo de espingarda na direção do invasor, não sabendo se havia atingido aquela pessoa". Ao religar a energia, o dono da propriedade percebeu que havia atirado no peito de Lucas. O agente da PF morreu no local. O dono da residência acionou a Polícia Militar de Goiás.

O fazendeiro acabou detido, mas pagou R$ 2.000 e foi liberado para aguardar a conclusão do inquérito policial em liberdade.

Valença ganhou projeção nacional depois de escoltar políticos presos pela Operação Lava-Jato. Na época, pelo estilo de cabelo, em coque, e pela barba comprida, foi apelidado na internet de hipster da Federal. 

Em 2016, Lucas viralizou ao aparecer escoltando o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), réu na Operação Lava Jato. O sucesso do policial nas redes sociais foi tanto que ele ganhou até um boneco no Carnaval do Recife, em 2017.

O último caso emblemático em que Lucas atuou foi a caçada ao criminoso Lázaro Barbosa, em Cocalzinho, em junho de 2021. Ele estava entre os 270 policiais do DF que fizeram parte da megaoperação.

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