O dia 8 de janeiro de 2023 entrou para a história do Brasil pelos atos extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília. Foram mais de R$ 26 milhões em prejuízos materiais e ao menos 2.000 pessoas detidas. O episódio mudou o cenário político do Distrito Federal, com o afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB) e a prisão do então secretário de Segurança Pública Anderson Torres.Relembre, a seguir, as principais repercussões do caso para o Distrito Federal.As ações de resposta aos atos começaram imediatamente. Ainda em 8 de janeiro, o presidente Lula decretou intervenção federal no Governo do DF até 31 de janeiro e colocou o então secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, no cargo. Enquanto esteve na posição, ele exonerou servidores da segurança.Na madrugada de 9 de janeiro de 2023, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou o afastamento de Ibaneis do cargo de governador. Na decisão, Moraes disse que Ibaneis teve “conduta dolosamente omissiva” e “conivência”. A vice-governadora Celina Leão (PP) assumiu o Executivo distrital até março, quando Ibaneis voltou ao cargo.O governador foi investigado por suposta omissão de autoridades durante os ataques. A casa dele foi alvo de mandados de busca e apreensão. Uma ação pública que pedia ressarcimento pelos danos materiais e morais também foi aberta.Em fevereiro de 2024, o MPF (Ministério Público Federal) arquivou o inquérito sobre Ibaneis, pois não foi possível encontrar evidências claras de má conduta intencional por parte do governador. Segundo a decisão, embora seja possível apontar falha no serviço de inteligência nos órgãos de segurança pública do DF ou algum erro no fluxo de informações, “não se verifica, em relação a Ibaneis Rocha, uma conduta intencional de facilitar os atos criminosos”.Em julho do ano passado, o TJDFT (Tribunal de Justiça do DF e Territórios) arquivou a ação pública que pedia ressarcimento. A decisão avaliou que a petição inicial não reuniu os requisitos necessários para serem admitidos. Em 2024, Ibaneis não esteve nos eventos oficiais de um ano dos atos, já que estava de férias com a família em Miami, nos Estados Unidos. Nesta quarta (8), Ibaneis também está de férias e não vai participar das solenidades. Horas antes de ser afastado do governo, Ibaneis publicou a exoneração do então secretário de Segurança Pública do DF e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres.Ele estava de férias nos Estados Unidos e não estava em Brasília durante os atos. Moraes decretou a prisão Torres no dia 10, e ele foi preso em 14 de janeiro, no aeroporto de Brasília, ao desembarcar. O ex-ministro ficou preso até maio de 2023, quando Moraes concedeu liberdade provisória e determinou prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica. Em fevereiro de 2024, o MPF também arquivou as investigações sobre Torres por não encontrar evidências claras de má conduta intencional, e a Justiça do DF arquivou ações que pediam ressarcimento pelos danos materiais dos atos. Em novembro do ano passado, Moraes autorizou que o ex-secretário saísse de casa no período noturno e aos fins de semana para acompanhar o tratamento da mãe doente, mas ela faleceu dias depois.Torres foi indiciado em 21 de novembro junto a outras 36 pessoas no inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os generais e ex-ministros Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Todos são acusados pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.A CPI da CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal) que investigou os atos de 8 de Janeiro foi instalada em fevereiro de 2023 e durou até novembro. No total, 31 pessoas foram ouvidas, entre generais do Exército, agentes de segurança pública e extremistas. O relatório final foi aprovado com a sugestão de indiciamento de 135 pessoas. O general Gonçalves Dias, ex-ministro do GSI de Lula, foi o único nome retirado da versão final do texto.A Polícia Federal realizou, em agosto de 2023, uma operação que resultou na prisão da cúpula da Polícia Militar do DF por suspeita de omissão nos atos.O comandante-geral da PM, o ex-comandante-geral, três coronéis, um major e um tenente foram presos. Contudo, ao longo de 2024, eles ganharam liberdade provisória.Hoje, os sete são réus no STF por suposta omissão durante os atos. Os policiais são:• Coronel Klepter Rosa Gonçalves, ex-comandante-geral da PMDF;• Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PMDF;• Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-comandante do Departamento de Operações da PMDF;• Coronel Paulo José Ferreira de Sousa, ex-comandante interino do Departamento de Operações da PMDF;• Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos, ex-chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF;• Major Flávio Silvestre de Alencar, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro;• Tenente Rafael Pereira Martins, PM que estava trabalhando durante o 8 de Janeiro.