Enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pede apoio da população para aprovar no Congresso Nacional a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 por mês, a equipe de comunicação do governo federal tem explorado a importância da proposta nas redes sociais. As peças redirecionam o usuário para uma página de perguntas e respostas do Ministério da Fazenda. Ao R7, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) disse que o “governo entende oportuno informar o cidadão a respeito da decisão que compete ao Executivo, sem confundir competências de outros Poderes”. “A ação publicitária objetiva explicar a medida, evidenciando os impactos positivos que advirão de sua implementação, beneficiando 10 milhões de brasileiros”, informou a Secom, acrescentando que “a comunicação de governo cumpre papel de estimular a participação da sociedade no debate público e na formulação de políticas que impactam na vida das pessoas, o que evidentemente não se confunde com ‘pressionar o Legislativo’”.A proposta foi enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos parlamentares no fim de março, que projeta votar o tema no segundo semestre.Pautar o tema é um dos desafios da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Ela avalia que a matéria é prioritária para o governo, mas também para o Congresso. A pasta comandada por Gleisi é responsável pela articulação política do Executivo no Legislativo.Esse tipo de publicidade faz parte da nova estratégia de comunicação do Executivo. Desde janeiro, a Secom, órgão responsável pela divulgação das ações federais, está sob novo comando. O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) foi substituído pelo publicitário Sidônio Palmeira, que liderou a campanha presidencial de Lula em 2022. Ao assumir, ele afirmou que um dos objetivos era alavancar a popularidade do presidente.No mesmo dia em que enviou o texto ao Congresso, Lula afirmou não haver “política mais justa, humanista e fraterna”. “Estamos tirando de alguém que tem muito para dar para as pessoas que trabalham muito e não têm quase nada. É essa politica que eu acredito, de distribuição de renda, de recursos. Para que todos tenham um pouco de recurso, para fazer a economia girar”, declarou.Durante evento em São Paulo nessa segunda-feira (7), Haddad pediu aos eleitores que cobrem deputados e senadores a votar a ampliação da faixa de isenção do IR.“Peço a atenção de vocês e apoio, se vocês concordarem. Atenção ao seu deputado, ao seu senador, muita atenção nas votações que vão acontecer no Congresso Nacional, que é assim que se constrói um país. A grandeza do Brasil depende de justiça. Vamos buscar justiça social e tributária, para ter um país melhor”, declarou Haddad.“No Brasil, todo mundo que ganha mais de dois salários mínimos paga Imposto de Renda, que é retido na fonte. Nós mandamos um projeto para o Congresso para que quem ganha até R$ 5.000 deixe de pagar Imposto de Renda. Quem ganha de R$ 5.000 a R$ 7.000 vai pagar menos. É importante falar com o deputado e o senador que você elegeu para que o projeto seja aprovado”, acrescentou.Como apurou o R7, uma ala do governo considera que a proposta não terá tramitação especial no Congresso, apesar de ter sido enviada com urgência constitucional. Assim, o texto deve tramitar normalmente pelas comissões permanentes da Câmara e do Senado. Na Câmara, será criada uma comissão especial, e o relator vai ser o deputado Arthur Lira (PP-AL).Interlocutores do governo federal consideram que a ampliação da isenção já está pacificada no Congresso. A principal discussão deve ser a fonte de compensação do projeto. Para bancar a isenção do IR a quem ganha até R$ 5.000, o projeto propõe cobrar taxar os mais ricos do país. São 141 mil contribuintes (0,13% do total) que passarão a pagar um valor mínimo de Imposto de Renda. Esse grupo é composto por aqueles que recebem mais de R$ 600 mil por ano, ou seja, ao menos R$ 50 mil por mês, e não contribuem com uma alíquota efetiva de até 10%.Esse é o ponto mais criticado do projeto. A oposição, por exemplo, é contrária a esse imposto e sugere que o governo compense a isenção com corte de gastos internos. Apesar das críticas, o Planalto acredita que o Congresso vai ampliar a compensação — não modificá-la e retirar a cobrança aos mais ricos.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp