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Itamaraty afirma que disputa entre Guiana e Venezuela 'não é um problema simples'

Avaliação é feita pela secretária da América Latina, a embaixadora Gisela Padovan; Lula vai discutir tema em viagens nesta semana

Brasília|Do R7, em Brasília

Por meio de Vieira, Brasília sediou rodada de diálogo
Por meio de Vieira, Brasília sediou rodada de diálogo Audiovisual/Presidência da República

O Ministério das Relações Exteriores avalia que a crise entre Guiana e Venezuela, pela disputa do território de Essequibo, "não é um problema simples", mas que o Brasil conseguiu que os dois países sentassem à mesa e iniciassem o diálogo. O tema deve ser discutido durante a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o chefe de governo guianês, Irfaan Ali, nesta quinta-feira (29), em Georgetown, capital da Guiana.

No início deste ano, a capital federal brasileira sediou uma rodada de diálogo, por meio do chanceler Mauro Vieira e com auxílio dos governos de São Vicente e Granadinas (que preside a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)) e de Dominica (que preside a Comunidade do Caribe (Caricom)). Os três países têm atuado como principais interlocutores, desde a eclosão da crise, na busca de uma solução pacífica.

"Por enquanto, a gente não resolveu o problema. Não é um problema simples, mas conseguimos que os países se sentassem e começassem um diálogo, que não é curto, não é simples, mas começou", afirmou a embaixadora Gisela Padovan, que atua como secretária de América Latina do Itamaraty. 

Questionada sobre o papel brasileiro na mediação da crise, Padovan destacou a neutralidade do governo e a busca por uma solução negociada.


"O Brasil não se manifesta a respeito do cerne da questão entre Guiana e Venezuela porque não nos compete. O que nos compete é facilitar o diálogo. A nossa posição se baseia em defender que o problema e a solução são uma questão bilateral, de respeito aos tratados internacionais, que é base da nossa Constituição", disse.

A crise entre Venezuela e Guiana será debatida por Lula em sua viagem ao país vizinho nesta semana. A agenda tem como principal compromisso a participação do líder brasileiro, como convidado especial, do encerramento 46ª Caricom (cúpula de chefes de governo da Comunidade do Caribe).


Depois, o petista segue para a Ilha de São Vicente e Granadinas, onde participará da abertura da 8ª cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Disputa por Essequibo

No fim do ano passado, a Venezuela realizou consulta popular que aprovou a incorporação de Essequibo, região disputada pelos dois países há mais de um século, que perfaz quase 75% do território da Guiana. O governo venezuelano também autorizou a exploração de recursos naturais na região e nomeou um governador militar para área. Foi o estopim para que as tensões entre os dois países aumentassem desde então.


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O governo brasileiro chegou a reforçar a presença das tropas militares em Roraima, que faz fronteira com os dois países, e vem defendendo a resolução da controvérsia entre as duas nações por meio de um diálogo mediado.

O Brasil é o único país que faz fronteira simultânea com Guiana e Venezuela, e um eventual conflito militar poderia ameaçar parte do território brasileiro em Roraima.

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