No evento que celebrou os 40 anos da redemocratização do Brasil, o primeiro presidente do período pós-ditadura, José Sarney, destacou a solidez das instituições democráticas construídas desde então. Homenageado na cerimônia realizada neste sábado (15) no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Sarney enfatizou que, apesar dos desafios políticos, o país tem mantido sua estabilidade democrática.“Passamos por esse período de regime democrático sem nenhum hiato, sem nenhuma erupção. A transição democrática funcionou, e nós tivemos a oportunidade de convocar, constituir e concluir o processo de transição com a promulgação da Constituição de 1988”, afirmou o ex-presidente.Sarney pontuou que, mesmo diante de momentos turbulentos, como dois processos de impeachment e tentativas de abalar o Estado de Direito, as instituições se mostraram resilientes. “Tivemos a certeza de que as instituições criadas por nós durante a transição foram tão fortes que já atravessaram dois impeachments e uma tentativa de mudança do Estado de Direito”, disse.O ex-presidente também mencionou a atuação independente do STF (Supremo Tribunal Federal), que, segundo ele, tem julgado os casos com base nas leis e nas provas apresentadas. “Nós não temos crise nenhuma, estamos em plena democracia funcionando, como qualquer país. Nos Estados Unidos, eles enfrentaram quase a mesma situação e não abalaram a democracia americana. E aqui também não, porque estamos com instituições muito fortes: as Forças Armadas, o Congresso e os tribunais”, ressaltou.Além disso, Sarney enfatizou o papel da sociedade na defesa da democracia e destacou a necessidade de vigilância para garantir a continuidade das liberdades conquistadas. “Estamos em um clima de absoluto exercício da liberdade que conquistamos. O brasileiro conquistou isso por meio da tradição democrática. Agora, o que devemos ter sempre presente é aquilo que aprendi como membro da UDN: o preço da liberdade é a eterna vigilância”, afirmou.Por fim, Sarney destacou que a democracia brasileira amadureceu ao longo dos últimos 40 anos e está consolidada na consciência da população. “Nossa democracia, ela amadureceu. Está pronto aí no coração dos brasileiros, com um sentimento que cada um de nós, com uma consciência democrática”, concluiu.O Brasil celebra neste sábado (15) quatro décadas de democracia ininterrupta, o período democrático mais longo desde a Proclamação da República, em 1889. O fim da ditadura militar e a transição para um governo civil marcaram um novo capítulo na história do país, consolidado com a promulgação da Constituição de 1988.